Sugestões para o Halloween 2025 – Streaming.

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O Halloween 2025 vem num excelente ano para o cinema de terror, com propostas arrojadas e extremamente bem conseguidas, na forma de abordar e até desconstruir fórmulas e regras do género, conseguindo desta forma surpreender e prender o espectador habitual ao ecrã. Infelizmente, alguns deles ainda não chegaram aos nossos serviços de streaming, como “Weapons” (que para já é o filme do ano para mim), “Bring Her Back” ou “Oddity” (embora os dois primeiros possam ser alugados ou comprados em alguma plataformas, como a Amazon).

Outros, fazem já parte da lista de sugestões do laxanteCULTURAL para o Halloween 2025, que é a que se segue. Além disso, além das plataformas de streaming habituais, adicionei mais uma, a Filmin, perfazendo um total de 6 plataformas e 18 sugestões. Espero que, pela diversidade, algumas sejam do vosso agrado.

Sugestões para o Halloween 2025 por serviço de streaming.



Monster: The Ed Gein Story

Halloween 2025 - Monster: The Ed Gein Story

Há uns anos, escrevi um artigo para uma publicação online americana chamado “Ed Gein, The Father Of The Slasher Film“. O artigo pretendia falar sobre o caso real e a influência que teve sobretudo na cultura popular. Estudei o caso, vi documentários e biografias e muitos filmes (a maioria de qualidade duvidosa), onde a influência das práticas de Gein era notória e até explorada e ampliada.

Era portanto com expectativa que aguardava a estreia desta série de Ryan Murphy, sobre um assunto que me dizia muito. O resultado é estranho. Primeiro, os acontecimentos retratados são fieis aos factos (com excepção de dois de que falaremos mais à frente). A composição de Charlie Hunnam é fiel a tudo o que conhecia de Gein, num trabalho absolutamente notável. Laurie Metcalf tem aqui uma das melhores representações da sua carreira, como a mãe obcecada com religião e a proteção do filho. E Murphy não se acanha de mostrar os detalhes sórdidos do caso.

Onde é que eu tenho problemas com a série? Principalmente na sua estrutura fragmentada. Murphy resolveu ir mostrando os crimes de Gein aos poucos e depois mostrando a realização de filmes com foco nesses crimes em particular. Por exemplo, o episódio 2 é dedicado à realização de “Psycho” de Alfred Hitchcock, centrando-se na relação com a mãe e com a profanação da sua sepultura, os primeiros crimes abordados na série (à parte do assassinato do irmão, que nunca foi provado, apesar de Gein o ter assumido).

Se para um expert no caso como eu, a coisa se tornou confusa, para alguém que nunca tenha ouvido falar de Gein se torna ainda mais. Era preferível a série ser feita de forma cronológica e concentrarem a parte da influência no final, após a prisão de Gein.

Outro problema que tenho é na abordagem a “The Texas Chainsaw Massacre” de Tobe Hooper, pois a série focou-se no único elemento do filme que não pertencia a Ed Gein. Não há provas de que ele alguma vez tenha usado uma motosserra (sim, foi propositada a escolha do poster acima). E as influências no filme são muitas: tirar a pele para fazer máscaras, pendurar os corpos em ganchos de pendurar carne, comer a carne das vítimas, etc. Atribuíram a Gein um elemento da cultura pop que não lhe pertencia, tornando a cena em que Gein dança com uma motosserra como Leatherface, uma falha na construção do seu carácter e algo quase anedótico.

Por último, a parte “Mindhunters“, que nunca aconteceu na realidade. A ligação com os acontecimentos narrados na série de David Fincher é descabida, a não ser que queiram testar as águas para convencer a Netflix a trazê-la de volta. Se for esse o caso é um golpe baixo e desonesto, e que não acrescenta nada à história de Gein.

Resumindo, Para quem não conhece a história de Ed Gein e a sua influência no cinema de terror pós 1960, tem aqui uma porta de entrada interessante, até porque, fora as incongruências de que falei, a série não é má de todo, principalmente no que toca a performances artísticas e técnicas. Depois, se quiserem aprofundar o tema, podem ver “Ed Gein” de Chuck Parello (2000), uma abordagem mais crua e fiel aos factos, e alguns dos filmes marados inspirados em Gein, como “Maniac” de William Lustig (1980), “Three on a Meathook” de William Girdler (1971) e “Motel Hell” de Kevin Connor (1980), três pérolas do cinema exploitation.

Classificação: ★★½

Ziam

Halloween 2025 - Ziam

“Ziam” é um filme de zombies Filipino de 2025, em que um lutador de Muay Thai enfrenta uma horda de Zombies num hospital para salvar a sua namorada médica. Dentro do género é um filme competente e envolvente, com excelentes efeitos, boa caracterização dos zombies e sequências de acção bem elaboradas.

O grande problema do filme é que, em termos dramáticos e narrativos, é impossível não compará-lo ao magnífico “Train To Busan“. Também aqui há uma criança que é preciso defender, um espaço fechado que torna difícil a sobrevivência e um homem abastado que fará tudo para se salvar.

No entanto, se nos conseguirmos abstrair dessa referência, “Ziam” é um sólido divertimento e um bom filme do género, além de que mortos-vivos são algo que não poderia faltar no Halloween 2025.

Classificação: ★★½

Link para “Ziam” na Netflix.

Thanksgiving

Halloween 2025 - Thanksgiving

Eli Roth é conhecido por explicitar vários tipos de assassinatos nos seus filmes. Desmembramentos, decapitações, cortes com todos os tipos de objectos, canibalismo, etc. Aqui, move-se no terreno do slasher e com o dia de acção de graças como pano de fundo. E o inicio até que é interessante quando uma corrida a uma superfície comercial no feriado se torna num massacre. O resto são as consequências desse massacre, um ano depois.

E é aqui que a estória se torna banal, com um assassínio vingativo e com requintes de malvadez a perseguir e matar aqueles que considera responsáveis pelo sussedido no ano anterior. Há aqui muitos clichés do género, a começar com a máscara usada pelo assassino e a acabar com a previsibilidade das próximas vítimas, mas algumas mortes até são imaginativas e bem executadas, o que torna o filme interessante de seguir até ao fim.

É um slasher, género mais do que explorado, com tudo o que isso tem de bom e de mau, mas com um realizador competente e que conhece bem o género para nos conseguir divertir e surpreender a espaços. Uma boa sugestão para quem gosta do género, para o Halloween 2025.

Classificação: ★★½


HBO Max Logo

Sinners

Halloween 2025 - Sinners

“Sinners” é um dos dois melhores filmes do ano, ponto. Ryan Coogler consegue, num filme de género, ilustrar o passado, presente e futuro da música, com géneros e influência distintas. E isso num só plano sequencia que, só por si vale a classificação que lhe dou.

Mas “Sinners” é muito mais do que isso. É um drama familiar, uma história de superação, um filme de terror, sem que nada pareça deslocado ou a mais na estória. O filme é homogéneo, com uma fotografia que, se houver justiça, ganha a óscar, não só pela paleta de cores e enquadramentos, mas pelo movimento que serve (e conta) a estória de uma forma meticulosa. As interpretações são todas excelentes, com destaque para a dupla de Michael B. Jordan e Miles Caton (na sua estreia e com uma voz fabulosa para os blues).

O elemento de horror é uma metáfora para a unidade racial e cultural, e o final do filme é um regresso à crua realidade com que este começa. Há portanto muitas camadas para explorar em “Sinners”, e a cada visualização nos apercebemos de mais e mais pormenores que trazem ainda mais profundidade à estória. É um dos filmes do ano ( e dos mais vistos), mas o Halloween 2025 é uma excelente desculpa para uma nova visualização.

Classificação: ★★★★

Companion

Halloween 2025 - Companion

“Companion” é outro excelente exemplo da qualidade da colheita deste ano e não poderia faltar nas sugestões para o Halloween 2025. Não sendo um filme de terror puro e duro, tem elementos de género, e a estória tem por base o mais actual dos temas: a inteligência artificial. E por isso tem sido muito comparado a “Ex-Machina“, de Alex Garland. A grande diferença está na experiência, uma vez que “Companion” é a estreia nas longas-metragens de Drew Hancock, e ainda lhe falta alguma subtileza na abordagem ao tema.

Mas isso é também uma das forças que o filme tem, o facto de ser directo, de não perder tempo com exposições desnecessárias e indo directo à acção. Isso faz com que “Companion” seja um excelente divertimento, bem executado e interpretado e usando o tema como motor da narrativa e não um ensaio ou tratado sobre a inteligência artificial, embora deixe espaço para que cada um tire as suas próprias conclusões.

Classificação: ★★

A Semente Do Mal

Halloween 2025 - A Semente Do Mal

E agora algo raro, um filme de terror português. Depois de “A Floresta Das Almas Perdidas” (em 2020) e “Coisa Ruim” (em 2021), esta é apenas a terceira recomendação lusa que vos faço nesta época festiva (e já as faço desde 2015).

“A Semente Do Mal” começa com um homem que descobre que o seu adn corresponde a outro que vive em Portugal e que poderá ser seu irmão gémeo. Ele e a namorada iniciam a viagem em busca das suas origens e aquilo que encontram (o irmão, a mãe e a casa onde habitam) é bizarro e perturbador. A partir desta premissa, Gabriel Abrantes constrói uma narrativa envolvente e com bom ritmo, numa sucessão de acontecimentos que vão ficando mais estranhos, até se descobrirem segredos que se tornam incómodos, até para o espectador.

Em termos técnicos, o filme é bastante competente em criar tensão e suspense, mas são as interpretações que mais nos causam desconforto (no bom sentido). Principalmente Anabela Moreira, aqui quase irreconhecível, em mais uma representação irrepreensível, e que personaliza o desconforto que o filme nos pretende incutir. Carloto Cota é competente como os dois irmãos, mas é através de Jack Haven (anteriormente Brigette Lundy-Paine, como está creditado/a no filme) que o espectador se identifica com a narrativa e com os horrores descritos.

“A Semente do Mal” prova que se pode fazer cinema de género muito competente em Portugal, sem ser preciso recorrer a grandes orçamentos para efeitos, e é uma boa sugestão para o Halloween 2025.

Classificação: ★★½



The Substance

Halloween 2025 - The Substance

É um dos melhores filmes do ano passado e não poderia faltar nestas sugestões para o Halloween 2025. “The Substance” começa como uma sátira à televisão e aos seus padrões de beleza, mas depressa evolui para um dos melhores filmes de body horror dos últimos tempos, quase uma homenagem ao que de melhor fez David Cronenberg (“The Fly” é dos primeiros filmes que vêm à cabeça após ver “The Substance”).

Esta é apenas a segunda longa-metragem de Coralie Fargeat, depois de “Revenge” de 2017, e mostra uma realizadora madura capaz de gerir tempos narrativos, expectativas do espectador e recursos visuais (muitas vezes exagerados) para contar uma boa estória. Claro que também se soube rodear das pessoas certas para darem credibilidade a esta bizarria.

Demi Moore mostra que a coragem que lhe atribuíram em “Striptease” ou “G.I. Jane” era apenas premonitória de algo maior e bem mais corajoso (e obteve uma das mais merecidas nomeações ao Óscar por isso). A sua composição é intensa e primorosa, excedendo tudo aquilo que esperávamos dela nesta fase. Margaret Qualley herdou a beleza e o talento da mãe (Andie MacDowell), e entrega uma ocasional vilã (ou vítima?) que antagoniza de forma segura a veterana Moore. Dennis Quaid é o contraponto cómico que, através do exagero, mostra como o poder pode ser ridículo.

O único senão de “The Substance”, e a razão porque não lhe dei a pontuação máxima, é a sequência final, cujo contexto é tão exagerado que exige uma ainda maior suspensão da descrença por parte do espectador. Fora isso, é um filme imprescindível para os fãs do género popularizado por Cronenberg.

Classificação: ★★½

Terrifier

Halloween 2025 - poster

“Terrifier” é o filme de que menos gosto desta selecção, pela sua gratuitidade. Há aqui momentos muito bons, uma personagem que poderia entrar para a galeria dos ícones do terror, cenas de body horror muito credíveis e inquietantes, e um bom conhecimento das regras dos slasher movies. Só que o resultado é redundante e pouco relevante. O propósito de Damien Leone é apenas criar situações para chocar o espectador. A estória é banal, as personagens não tem background (principalmente Art, The Clown) e os únicos momentos interessantes são as mortes e a sua execução.

E as suas duas sequelas são ainda piores, pois repetem a fórmula e não aprofundam quase nada a personagem principal. E, no terror, quando mais profundo e bem caracterizado for o monstro, mais eficaz é. Para quem gosta de boas estórias e personagens tridimensionais, há muito melhores sugestões nesta lista. Para quem só quer ver boa carnificina, esta é uma das minhas melhores sugestões para o Halloween 2025.

Classificação: ★★★★

Never Let Go

Halloween 2025 - Never Let Go

Alexandre Aja começa a ser um habitué deste meu ritual anual e contuna neste Halloween 2025. Que me lembre, este é o terceiro filme seu que sugiro nestas listas de sugestões. É certo que a sua filmografia é inconsistente, e este “Never Let Go” não é dos melhores, mas também está longe de ser dos piores. Tem uma premissa interessante e bons meios de produção que a tornam credível. O ritmo narrativo é bom e o suspense é eficaz. O problema é que tudo soa a familiar, a um dejá vu inconsciente, nas situações que nos são apresentadas.

O que aguenta bem o filme, além da competência na realização, são os actores que compõem personagens interessantes e credíveis com que é fácil nos identificarmos. Halle Berry tem uma sólida representação, mas destaco as duas crianças, Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV, pois acabam por ser elas que dão mais verosimilhança à estória, que mais não é do que um espírito maligno que mata quem corta a ligação à casa que os protege (sabe-se lá porquê). “Never Let Go” acaba por ser competente q.b. na criação de suspense e tensão a até num ou noutro momento de horror, daí justificar a sua inclusão nesta lista.

Classificação: ★★★★

Link para “Never Let Go” na Prime Video.



Wolf Man

Halloween 2025 - Wolf Man

Outro filme deste ano que chegou ao streaming a tempo do Halloween 2025. De Leigh Whannell só tinha visto “Upgrade“, de que gostei muito, e “The Invisible Man“, de que não gostei nada. Não gostei da abordagem, do conceito de violência doméstica metido a martelo, do rimo narrativo, achei que foi um tiro no pé. Até porque já haviam “Memoirs of an Invisible Man” de John Carpenter e “Hollow Man” de Paul Verhoeven, abordagens bem mais interessantes ao clássico de H.G. Wells. Foi portanto com apreensão que avancei para esta nova revisitação de um monstro clássico, o Lobisomem.

E o resultado foi uma agradável surpresa. Whannell não inventou muito na estória, mas foi criativo q.b. na abordagem gráfica, quer no desenho do monstro, mais prático do que CGI, quer na mudança de ponto de vista entre ele e a mulher. São pequenos pormenores cruciais que tornam o filme mais apelativo. O resto é um bom ritmo narrativo, bons actores a dar credibilidade à estória e uma fotografia que nos cerca (mesmo no exterior), tornando o clima de tensão mais denso e próximo de nós.

Por último, o facto da transformação ser gradual e não imediata de homem para lobo, poupando nos recursos e alargando a tensão. Apesar de sabermos o que iria acontecer a antecipação foi sendo adiada, o que nos deixou ainda mais presos a essa expectativa. “Wolf Man” é um sólido filme, que não inventa a roda nem tenta lidar com assuntos sérios (como infelizmente “The Invisible Man” tentou fazer), mas que cumpre bem o seu honrado objectivo de ser puro entretenimento para este Halloween 2025.

Classificação: ★★½

Speak No Evil

Halloween 2025 - Speak No Evil

Demorei muito até ver este remake americano do filme dinamarquês com o mesmo nome, porque odiei o original. Achei-o maldoso, cruel para com as personagens que torturou de forma gratuita e inconsequente. Cheguei a insultar a pessoa que me disse para o ver. À partida, não queria ver um remake de um filme que detestei e que só deveria ser recomendado a sádicos. Mas depois pensei nos remakes que os americanos fazem dos filmes europeus e como gostam de adocicar os finais. De certeza que um filme americano não ia ser tão sádico e o final seria mais brando.

E é isso que acontece neste remake. Os dois primeiros actos são praticamente os mesmos, dois casais com filhos conhecem-se numas férias no estrangeiro e um deles convida o outro para passar um fim de semana na sua casa isolada. O casal visitante começa a desconfiar que o outro não é o que parece e tenta sair, algo que nunca chega a acontecer. Ora, a esta altura o filme dinamarquês já era mais duro, principalmente com revelações feitas sobre as crianças. Aqui o tom é de ameaça, o suspense é eficaz e os confrontos do terceiro acto são completamente diferentes do original, principalmente com o destino dado às personagens.

O filme de James Watkins tem tudo o que o original tinha de bom, tensão, mistério, mas com uma redução grande no horror. O terceiro acto, sendo diferente do original torna-se previsível (algo de que não se pode acusar o original, com o que isso tem de bom e de mau). A caracterização das personagens é muito boa e servida por excelentes actores, o que nos faz interessar pela estória e o seu desfecho. Quem gostou do original não vai gostar deste. Quem não gostou vai ver um filme diferente, embora pudesse ser um pouco mais arrojado no horror. Quem não viu nenhum deles tem aqui um filme com uma estória tensa e interessante para o Halloween 2025.

Classificação: ★★

“Nosferatu”

Halloween 2025 - Nosferatu

Outro filme desta colheita para o Halloween 2025, e que era um dos mais esperados do ano para muita gente, por ser realizado por Robert Eggers. O “Nosferatu, eine Symphonie des Grauens” de F.W. Murnau continua a ser, para mim um dos filmes mais assustadores de sempre, mesmo passados 103 anos. Já “Bram Stoker’s Dracula” de Francis Ford Coppola é a adaptação definitiva do clássico, quer pelo arrojo visual como pela fidelidade ao romance que lhe deu origem. Existia portanto uma curiosidade enorme em ver o que Eggers, um cineasta com visões particulares e inventivas, iria trazer de novo à estória do mais antigo e icónico vampiro de sempre.

E, infelizmente, a resposta é… nada. Além de visualmente muito bem executado, fotografado e interpretado, o filme é redundante e inconsequente. Não existe aqui uma abordagem surpreendente como foi a de Coppola, apenas uma mise en scéne competente e visualmente apelativa, com recurso a novas técnicas que mais não fazem do que embelezar de forma sombria o que já conhecemos de cor. É certo que se nota o dedo de Eggers, mas falta-lhe definir uma razão válida para abordar este romance.

Mais, o porquê de o ligar nominalmente ao filme de 1922 e não ao título do romance? Se foi para se distanciar da versão definitiva de Coppola, não o conseguiu. Se foi para actualizar tecnicamente o filme de Murnau, também fica aquém, principalmente se contextuarmos as duas obras. Resta portanto um filme competente, apelativo, mas chato para quem já conhece a estória. Para os outros, é uma boa sugestão para o Halloween 2025.

Classificação: ★★



Antlers

Halloween 2025 - Antlers

Scott Cooper tem um percurso bastante razoável como realizador, com filmes como “Crazy Heart“, “Out Of The Furnace“, “Black Mass” ou o biopic de Bruce Springsteen prestes a estrear, “Springsteen: Deliver Me from Nowhere“. Mas curiosamente entrei neste “Antlers” às cegas, apenas pelos actores e pelo produtor Guillermo Del Toro, que é razão suficiente para vermos qualquer filme.

Ora, desde o ínicio do filme que percebemos que estamos perante um excelente storyteller, pela forma como lentamente somos absorvidos pelo suspense, pela atmosfera tensa e pelas personagens com que, quase imediatamente nos identificamos. Jeremy T. Thomas, que à altura tinha 14 anos, leva o filme (e aparentemente, o mundo) às costas. Toda a sua linguagem corporal e expressão mostra um miúdo atormentado por algo, o que nos adensa a curiosidade (e o suspense), além de nos aproximar de Keri Russel, a professora que vai percebendo que algo se passa com o garoto. Jesse Plemons é o xerife, irmão da professora, que por último vai enfrentar a fera.

A completar o elenco está o recentemente falecido Graham Greene, como o índio que clarifica o mistério em que estão envolvidos e a ameaça que enfrentam. “Antlers” é um excelente filme de terror, competente a todos os níveis, com um ritmo narrativo impecável, bons efeitos e desenho de criatura e uma atmosfera tensa que nos prende do ínicio ao fim. Acaba por ser apenas um filme de monstro, mas se só vos desse duas ou três sugestões para o Halloween 2025, esta seria certamente uma delas.

Classificação: ★★

Matriarch

Halloween 2025 - Matriarch

Matriarch” é apenas a segunda longa metragem de Ben Steiner, produzida e lançada para a hulu, plataforma que pertence à Disney, mas que não desfeitearia em nenhum festival de cinema de género por esse mundo fora. A premissa é demasiado batida, uma jovem que depois de ter tido uma overdose, regressa a casa da mãe, numa pequena vila onde há estranhos acontecimentos provocados por um perverso culto secreto.

Mesmo assim, o filme consegue prender-nos a atenção e vai crescendo na bizarria e no horror. O final tem imagens muito bem conseguidas, a fotografia é cúmplice na tensão e as interpretações são sólidas e empáticas. Não sendo um filme que pretende inventar a roda (até pela sua origem), é um bom entretenimento que não depende de sustos para nos assustar e surpreender. Uma sugestão interessante e semiescondida no catálogo do Disney + para o Halloween 2025.

Classificação: ★★½

Books Of Blood

Halloween 2025 - Books Of Blood

E, para o Halloween 2025, outro filme da hulu, com um pedigree ligeiramente mais elevado do que o anterior. Baseado na série de 6 livros de Clive Barker dos anos 80, é uma espécie de antologia separada em três capítulos (com o nome dos mortos), que acaba por ligar muito bem todas as partes da(s) estória(s), a ponto de me questionar se é mesmo uma antologia.

Com um sólido e competente elenco , bons efeitos e um ritmo narrativo consistente e tenso, “Books Of Blood” resulta naquilo que é, um filme de terror puro e duro, cheio de twists e reviravoltas (mais ou menos previsívei, que compõem um filme sólido e absorvente, bem ao gosto dos fãs do género.

Classificação: ★★½



Hatching” (“Pahanhautoja“)

Halloween 2025 - Hatching

Esre “Hatching” é outra das pérolas que me orgulho de sugerir para o Halloween 2025. É um filme Finlandês de 2022 que teve breve passagem pelo circuito comercial Português. Vi-o nessa altura e surpreendeu-me muito pela positiva. É, primeiro que tudo, um drama familiar, com uma mãe obcecada em mostrar que tem a família perfeita nas redes sociais. O pai é um pateta alheado da realidade e o filho mais novo tem inveja da irmã e faz de tudo para ser o centro das atenções. Mas é à volta da filha que tudo gira. Dos abusos da mãe à falta de carinho e compaixão, encontra um ovo e resolve chocá-lo, procurando apego emocional a algo ou alguém.

A partir daqui tudo muda e o filme transforma-se num creature movie com boas sequências de body horror e um desfecho absolutamente inesperado (e certamente não consensual). Tudo no filme resulta, desde a realização segura, bom ritmo narrativo e fotografia, e bons efeitos práticos de uma criatura das mais interessantes e voláteis do cinema recente. “Hatching” é certamente um dos filmes mais originais (embora bem enraizado no género) e surpreendentes, (que domina os clichés e subverte-os), desta lista.

Classificação: ★★

Bone Tomahawk

Halloween 2025 - Bone Tomahawk

“Bone Tomahawk” já tem 10 anos e é um filme de culto para muita gente. Primeiro filme de S. Craig Zahler (que depois confirmaria a sua rebeldia cinematográfica com “Brawl in Cell Block 99“) é uma mistura de géneros que vai do western ao horror de forma quase subliminar, surpreendendo (e horrorizando) o espectador. Quando uma médica é raptada por uma tribo canibal, o xerife, o seu idoso ajudante, um pistoleiro e o marido da desaparecida partem numa missão de resgate sem saberem bem o que vão encontrar.

Como western o filme é bom e competente, mas é na parte do horror (mais sugerido que explicito, mas igualmente chocante) que o filme surpreende, a ponto de ser impossível prever quem vai sobreviver no final. Ser servido por um elenco de primeira linha (que podem ver no poster acima) é essencial para a forma como o espectador se envolve com a estória e com o destino das personagens. O resultado é um filme (in)tenso, violento e crú, e que vale a pena ser visto ou revisto (no caso de, como eu, o terem visto quando estreou).

Classificação: ★★

The House That Jack Built

Halloween 2025 - The House That Jack Built

“The House That Jack Built” fez parte do meu top 10 de 2019. E Lars Von Trier dispensa apresentações, toda a gente sabe que faz jus ao ditado do génio e do louco (e o maior exemplo disso é o seu “Antichrist“, de que este filme está mais próximo). Filosófico, cruel, intenso e chocante poderiam ser adjectivos para o caracterizar, mas “The House That Jack Built”, é um filme estranho na sua concepção. Seguir um assassino em série na sua cabeça, ou seja, na sua perspectiva intencional é por si uma ideia interessante, mas quando passa essa consciência para uma outra dimensão é onde Von Trier nos provoca mais.

Quando chegamos à parte ilustrada no poster acima, colocamos em causa o ateísmo de Von Trier, e questionamos as nossas próprias convicções. Passa a haver moralismo questionável e questionado (em diálogos em voz off ao longo dos vários capítulos), que se concretiza nos momentos finais. Como se o realizador (como a personagem) transgredisse para ser castigado. Ou nós, dependendo de estarmos do lado do assassino ou não. Há portanto questões morais e filosóficas para os espectadores que as apreciam.

Para os outros, há muitas mortes, com diferentes graus de crueldade, com mais ou menos gore (sempre apetecível nesta quadra) e a promessa de que não ficarão indiferentes ao filme, independentemente de que lado da moralidade e da filosofia estão. E isso é razão suficiente para vo-lo sugerir para o Halloween 2025.

Classificação: ★★


Gostaram destas sugestões para o Halloween 2025? Vão aproveitar alguma? Digam-me tudo nos comentários abaixo.

Bom Halloween 2025!

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