Fantasporto 2024 – 1,2 e 3 de Março.

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Fantasporto 2024

Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto está de volta, para a sua 44ª edição, a segunda no Batalha Centro de Cinema. Segundo a organização, esta edição terá cerca de 100 filmes de 34 países, todos inéditos e, em estreia nacional, europeia, internacional e mesmo mundial. Ainda de sublinhar que, nesta edição, todas as sessões (sala 1 e sala 2) serão legendadas em português.

Abaixo, poderão encontrar a 1ª parte de toda a programação para a Sala 1. As informações são as fornecidas pela organização do Fantasporto. Após cada sessão, podem encontrar aqui a apreciação/crítica e classificação de cada um dos filmes exibidos. Junto à informação de cada filme está também o link de compra de bilhetes para cada sessão. Podem também consultar a programação da Sala 2 aqui.

6ª FEIRA, 1 de Março

21:00 SESSÃO DE ABERTURA – “Testament” (“Parece que Estou a Mais”)
Fantasporto 2024 - Testament

Denys Arcand -115’ (Can) comédia, v.o. franc- leg. port | Bilheteira

A fama que precede Denys Arcand, cineasta canadiano do Quebec, e o seu olhar crítico e satírico sobre os males do mundo moderno estão bem claros nesta longa-metragem. Através de Monsieur Bouchard, um pensionista numa residência para idosos que se prepara para a morte, vemos o que mudou no mundo- a tecnologia, o activismo, o afastamento social, a arte e a criatividade. Um percurso inesperadamente inverso, onde a ternura e os valores antigos e universais se mantêm predominantes e essenciais para a sobrevivência humana. Um mestre do cinema em mais uma lição de humanidade e arte cinematográfica de contar uma história.

Apreciação: Há claramente, na sociedade actual, alguns assuntos que preocupam Arcand, como a felicidade na velhice, o movimento ‘woke‘, a censura e cancelamento da cultura, os conflitos familiares, as preocupações com a saúde e a idade. O problema em “Testament” é que, talvez por já ter 82 anos e pensar que não lhe restarão muitas oportunidades para filmar, resolveu abordá-los a todos no mesmo filme, e com o mesmo grau de importância na narrativa. O resultado é um filme desconexo, que perde tempo com assuntos menos interessantes e apressa aqueles sobre os quais se deveria debruçar mais, como as questões humanas. Nesta salgalhada, Arcand perde o sentido de tempo, e as suas tentativas de abordar questões essenciais com humor, salvo duas ou três, falham o tom ou o tempo e não resultam. E é uma pena, porque se sente que há aqui questões que valeria a pena abordar de outra forma, porque assim o resultado é enfadonho, mas sobretudo pouco claro e verosímil.

Classificação: ★½★★★

23:30 “All You Need Is Blood
Fantasporto 2024 - All You Need Is Blood

Cooper Roberts – EUA 100’ CF comédia de horror, v.o. ingl, leg. port | Bilheteira

Uma paródia aos filmes de zombies onde assomam inequívocos sinais de amor pelo Cinema. Um jovem com aspirações a ser realizador faz a sua primeira longa-metragem em casa e sonha mostrá-la um dia ao seu ídolo. No entanto, quando uma matéria estranha chega do espaço ao seu quintal, o pai do jovem transforma-se num zombie. Nada melhor do que ter um verdadeiro zombie para dar veracidade ao filme. Um pastiche de vários clássicos em que a banda sonora também não escapa, transformam este filme num delírio que faz lembrar “Braindead” de Peter Jackson. Com a conhecida Mena Suvari e Emma Grasse, esta no seu primeiro papel no cinema. Seleção do Festival de Sitges, é a primeira longa-metragem do realizador.

Apreciação: Os primeiros 70 a 75 minutos de “All You Need Is Blood” é das coisas mais absurdas, chatas (pelo desfile infindável de clichés previsíveis) e kitch que me lembro de ter visto em muito tempo. O humor é tão básico que nem consegue arrancar-nos um sorriso, e o protagonista é um cepo que invariavelmente falha o tom de sátira que o filme exigia. Só que depois vem os 20 minutos finais e é um festim de criatividade, sátira e gore que nos faz perceber que tudo o resto era preparação para isto. E percebe-se o desequilíbrio, num filme de muito baixo orçamento e com um final tão apoteótico, não dava para manter o mesmo nível de efeitos credíveis durante o filme todo. Daí que durante a maior parte do filme tudo pareça tão tosco e descabido. E ainda há aqui um grupo de actores bastante competente como Mena Suvari, Eddie Griffin, Ronald Guttman e a estreante Emma Grasse. Só é pena que Logan Riley Bruner passe grande parte do filme aos papéis (no final até compensa um bocadinho, mas não chega para um protagonista). Este filme, com mais orçamento ou um realizador capaz de inventar melhores soluções para a falta de orçamento, estaria certamente ao nível do “Braindead” de Peter Jackson, vencedor do Fantasporto em 93.

Classificação: ½★★

Trailer não disponível.

Sábado, 2 de Março

15:15 ✦ “Clawfoot
Fantasporto 2024 - Clawfoot

Michael Day – 88’ (EUA) CF – thriller, v.o. ingl, leg. port | Bilheteira

Numa mansão luxuosa onde está Mrs Lauper, uma loura espampanante, aparece um homem que diz que vai renovar o quarto de banho a mando do marido ausente. Mas mais parece que nunca mais quer sair da casa. No entanto, a realidade é bem mais complexa. No jogo psicológico, quem vence, quem sabe tudo, quem tem a liderança? Com Francesca Eastwood, um novo talento, filha de Clint Eastwood e premiada com um Miss Golden Globe e Milo Gibson, filho de Mel Gibson, actor de “Hawksaw Ridge”. Seleccção do Festival de Sitges.

Apreciação: “Clawfoot” começa com uma sucessão de clichés que nos faz antever o pior. Já vimos a sua premissa dezenas de vezes, só que aqui há uma inverosimilhança latente por causa da exagerada fanfarronice que Gibson imprime à sua personagem. Nenhuma mulher deixaria que um palerma destes entrasse em sua casa ou, no mínimo, permanecesse lá tanto tempo. E essa inverosimilhança vai-se acentuando, mesmo no twist, que apesar de querer surpreender vai buscar inspiração a dezenas de outros filmes, e acaba por ser muito previsível. Apesar disso o filme ganha outro fôlego, só que o espectador já perdeu o interesse em ver para onde isto vai. Vale pelas interpretações e por algum humor caricatural, mas acaba por ser um filme mediano e esquecível.

Classificação: ½★★

17:15 ✦ “The Hyperborean”
Fantasporto 2024 - The Hyperborean

Jesse Thomas Cook – 95’ (Can/EUA) CF – horror, sci-fi –  v.o. ingl, leg. port | Bilheteira

Um homem muito rico junta os filhos adultos na sua casa do campo em lugar remoto. Ao brindar com um uísque muito velho, proveniente de um pipo de um naufrágio misterioso no Ártico, tudo parece normal para os herdeiros que desconhecem o que vem a seguir, especialmente a filha que sofre de uma doença rara. E quem é o “Hyperborean”? Filme vindo de um realizador bem conhecido do Fantasporto onde já apresentou “Monster Brawl” e “Cult Hero”, o canadiano Jesse Thomas Cook. Selecção do FilmQuest Festival.

Apreciação: Depois de ter visto “Cult Hero” no último Fantasporto (onde lhe dei meia estrela), não esperava nada de bom deste “The Hyperbolean”, mas confesso que fiquei agradavelmente surpreendido. Não que seja um grande filme, mas porque, para tão baixo orçamento, consegue ter alguns momentos bastante interessantes. O estilo continua a ser camp, mas ainda assim nota-se que há um cuidado em construir uma narrativa com principio, meio e fim e apostar um pouco mais na caracterização das personagens. E isso faz bastante diferença. E prova que Cook tem margem de progressão, e que lhe deviam dar melhores condições para continuar essa progressão.

Classificação: ½★★

19:00 ✦ “A Normal Family”
Fantasporto 2024 - A Normal Family

Jin-Ho Hur – 116’ – (Coreia do Sul) SR/OE – drama, v.o., leg ingl, leg. port | Bilheteira

Duas famílias ricas. Dois irmãos desavindos enfrentam dificuldades que não esperavam. Um é médico, o outro advogado. Pelo meio, uma mãe demente, um acidente de carro, as respectivas mulheres muito sofisticadas e os filhos adolescentes distantes e violentos. Seguem-se escolhas difíceis. O amor ou o dever? Um retrato da sociedade coreana, cada vez mais fria e perigosa. Selecção do festival de Toronto.

Apreciação: Os filmes coreanos são sempre uma aposta segura no Fantasporto, e este não é excepção. Com alguns momentos desarmantes (a sequência inicial põe-nos logo em sentido), é na sua exímia narrativa com expoente no factor humano que o filme nos agarra. Ninguém nos troca emocionalmente as voltas como os coreanos, e “A Normal Family”, apesar de ser um drama familiar, tem alguns twists tão criativos e impressionantes quanto emocionais.

Classificação:

21:15 ✦ “Mutant Ghost Wargirl”
Fantasporto 2024 - Mutant Ghost Wargirl

Binjie Liu – 71’  (China)  CF/OE – sci-fi, artes marciais, v.o., leg ingl, leg. port | Bilheteira

Num mundo futuro, uma misteriosa organização chamada Medusa Corp especializa-se na Guerra do Futuro onde o trunfo é a fusão genética. Para a combater surge uma força internacional que leva à guerra entre os bons e os maus mutantes. Um frenético espectáculo de tecnologia e efeitos visuais a servir uma mistura da estética chinesa com as artes marciais, numa lição de vanguarda que lembra “Blade Runner” ou “The Matrix”.

Apreciação: Não há aqui nada que seja propriamente cinema. A narrativa não passa de um esboço telegráfico e inconsequente, as personagens são bidimensionais e confundem-se umas com as outras e isto tudo não passa de um longo showreel das empresas de efeitos especiais e artes marciais envolvidas nesta espécie de projecto. No fundo, isto é só um espectáculo de fogo de artíficio com 71 minutos.

Classificação: ★★★★

23:15 ✦ “Cold Meat”
Fantasporto 2024 - Cold Meat

Sebastien Drouin – 89’ – UK/Canada CF- thriller, horror, v.o. ingl, leg. port | Bilheteira

David está de passagem pela paisagem gelada das Colorado Rockies. Depois de salvar a jovem empregada do restaurante da violência do ex-marido, David faz-se à estrada e em plena tempestade de neve tem um acidente. Preso no automóvel, David tem um desafio inesperado com o que leva na bagagem. O argumento emocionante é servido por uma realização ágil do francês Sébastien Drouin, nesta sua primeira longa-metragem. Selecção do FrightFest de Londres. Com Nina Bergman e Allen Leech, actor de “Downtown Abbey” e “Bohemian Rapsody”.

Apreciação: “Cold Meat” é um filme canadiano de baixo orçamento que faz das suas fraquezas forças. Ainda ontem dizia aqui que quanto mais baixo é o orçamento maior tem de ser a criatividade, e Drouin dá-nos aqui um bom exemplo disso. A premissa não é original (a dada altura lembrou-me “Duel” de Steven Spielberg), mas a tensa narrativa tem o ritmo certo e o guião é inteligente na caracterização das personagens e na gestão das expectativas da premissa. O grande problema aqui é o terceiro acto (já depois dos twists e das surpresas) em que Drouin tem de encontrar uma solução para aquilo que foi construindo e essa solução não é corajosa nem satisfatória. Apesar disso, é um thriller sólido com excelentes interpretações e muita tensão, que é o que se pretende em filmes do género.

Classificação: ½

Domingo, 3 de Março

15:15 ✦ “The Well”
Fantasporto 2024 - The Well

Federico Zampaglione – 91’ – Italia CF – horror fantástico,  v.o. ingl, leg. port | Bilheteira

Uma jovem americana que restaura pinturas antigas é chamada a um palácio de uma pequena cidade em Itália para tratar de uma pintura escurecida por um incêndio. Mas cedo se apercebe de que há muitos mistérios a desvendar quando um grupo de biólogos com quem viajara desaparecem. Monstros vários, heroínas em dificuldades e bruxas do passado fazem deste filme uma homenagem na melhor tradição do “giallo” e do fantástico clássico. Selecção do festival de Sitges.

Apreciação: Zampaglione não inventa aqui a roda, aliás o filme começa com uma sucessão de clichés que nos fazem antever o pior, só que os aproveita para os subverter e para construir uma narrativa que vai acumulando tensão e muito, muito gore. O ritmo narrativo é bem distribuído e não tem pressa em nos desvendar o mistério, até porque acaba por ser mais um cliché, mas que faz sentido no geral. Ao contrário do que é habitual em filmes deste calibre, o desfecho até é bem interessante e provocatório, o que é um ponto forte a seu favor. Claro que há, aqui e ali, alguns momentos inusitados que provocam humor involuntário, mas os efeitos práticos e um elenco competente ajudam a manter o filme em níveis muito aceitáveis. Para já, é um forte concorrente ao grande prémio.

Classificação: ½

17:00 ✦ “The Last Ashes”
Fantasporto 2024 - The Last Ashes

Loïc Tanson – 121’ ( Luxemburgo)  SR – drama histórico, v.o., leg ingl, leg. port | Bilheteira

Este é o candidato aos Oscares pelo Luxemburgo. Uma grande produção histórica que ilustra a vida dura no início do século 19, depois de epidemias, fome e a ocupação pelos holandeses. No castelo do norte, o tirano Graff reina impondo uma sociedade fechada e cruel onde a sua sobrevivência depende dos caprichos do senhor. Helène e Jon são duas crianças que querem escapar do castelo. Descobertos, são duramente castigados. Anos mais tarde, Helène volta para se vingar. Um excelente exemplo de uma cinematografia quase desconhecida entre nós. Primeira longa-metragem de ficção do realizador.

Apreciação: Este é caso infeliz porque a projecção teve dois percalços técnicos e não nos foi possível ver os minutos finais. Portanto, é complicado críticar um filme que não sabemos como acaba, mas vou tentar. É, do que me lembro, a primeira vez que vejo um filme vindo do Luxemburgo, e surpreendeu-me muito a sua qualidade técnica e criatividade, principalmente ao nível da belíssima fotografia. A narrativa é lenta mas rica em conteúdo e pormenor, com um argumento histórico da época medieval que é bastante interessante. É, se quiserem, uma estória de vingança com contexto histórico, a dois tempos (distintos também pela fotografia). Sendo uma produção de um país tão pequeno, é impressionante como não fica a dever nada às maiores cinematografias do mundo. Foi, até agora um dos filmes mais interessantes desta edição. Espero que a organização do Fantas consiga arranjar um espacinho para passar este filme outra vez na sua totalidade.

Classificação:

19:15 ✦ “Heart Strings”
Fantasporto 2024 - Heart Strings

Ate de Jong – 112’ (EUA/UK) SR – ANTESTREIA MUNDIAL – romance, musical, v.o.ingl, leg port | Bilheteira

História romântica que tem lugar no meio da melhor música Country & Western e um regalo para os ouvidos, vinda do conhecido realizador de “Drop Dead Fred” e “Highway to Hell”. Um casal finge ser casado para participar num programa de descoberta de novos talentos. Serão Mr and Mrs Americana num “reality show” em que um tem de vencer o outro. No caminho, um predador, mistificação, muita boa música, um contrato de um milhão de dólares e uma vingança. Um fresco sobre a realidade, o presente e o passado do “country” numa homenagem a Loretta Lynn e Robbie Robertson.

Apreciação: O hype sobre este filme era enorme, até porque de Jong é presença assídua no festival, mas fora algumas boas canções o resultado final é bastante desapontante. Não se percebe bem o que o filme queria ser, se um musical, uma comédia romântica ou uma farsa, mas acaba por não chegar a ser coisa nenhuma. Até o tom da narrativa varia constantemente e os momentos musicais (apesar das canções serem boas) são geralmente transformados em telediscos baratos com efeitos à anos 80, que retiram seriedade à homenagem que queriam fazer a Nashville e à música Country. O argumento salta de cliché em cliché, a comédia é denunciada e perde a graça e à farsa falta uma coisa fundamental, o humor. Salvam-se as canções, mas em áudio, porque as imagens que as acompanham são invariavelmente penosas.

Classificação: ½

21:30 ✦ “The Shoreline”
Fantasporto 2024 - Shoreline

Takeo Kikuchi – 97’ CF – fantástico, sci-fi, v.o., leg ingl, leg. port | Bilheteira

Dois imortais e uma mulher que repete encarnações são apanhados numa maldição que dura há mil anos e os faz encontrarem-se de 100 em 100 anos. Sem saber exactamente quem é, Sosuke escreve uma peça sobre os seus sonhos recorrentes de encontrar a mulher que ele conheceu na praia. Uma bela história de amor onde o passado se vai interligar com um presente que necessita de final.

Apreciação: “The Shoreline” até tem uma premissa interessante, mas tem um ritmo demasiado lento e demora tempo a explicar-se. Os momentos de exposição acontecem quando o espectador já está enfadado e só quer que o filme acabe. Tem bons momentos cinematográficos e uma fotografia cativante, mas que não chega para o espectador parar de pensar ‘mas o que raio se passa aqui?’, até tudo ser desvendado mesmo no final.

Classificação: ½

23:15 ✦ “La Sombra del Tiburón”
Fantasporto 2024 - La Sombra del Tiburón

Gonzalo López Gallego – 99´Esp CF – ANTESTREIA MUNDIAL – terror, v.o., leg ingl, leg. port | Bilheteira

Alma não consegue dormir. E quando vai para a cama, cedo uma série de sons e sombras a afetam. Com a ajuda de camaras de vigilância e terapia, Alma vai descobrir os horrores que a rodeiam, um dos quais pode mesmo ser o vizinho do lado. A casa torna-se um inimigo. Até que decide fazer alguma coisa. O realizador López-Gallego, que assina também o argumento e a montagem, traz-nos um exemplo da pujança do cinema espanhol de mistério, com excelentes interpretações de Alba Galocha e Denís Gomez. Um dos mais intrigantes e assustadores filmes do ano.

Apreciação: E por falar em estar à nora sem saber o que raio se passa no filme, chegamos a La Sombra del Tiburón. A melhor analogia que posso fazer é que o filme é uma lâmpada acesa e nós somos uma traça, ali às voltas, a tentar perceber o que aquilo é, cada vez mais perto, até nos queimarmos de vez. Nesse sentido o filme é hipnótico, suportado por uma corajosa protagonista e uma fotografia tão bela quanto desafiante. Vai-nos envolvendo pelo desconhecido, pela necessidade que temos de contexto, contexto esse que nunca mais chega. Sempre que o filme chega a um ponto em que devia explicar qualquer coisa, complica ainda mais. E não estou a dizer que tudo deva ser explicado ao espectador, mas deve-nos ser dado algum contexto que nos permita tirar alguma conclusão que se aproxime daquilo que o realizador quer comunicar. Nada. Podemos concluir o que quisermos. Ou não, podemos simplesmente ficar a arder.

Adenda: Isto de ter de escrever diariamente sobre os filmes vistos, leva a que muitas vezes o filme não tenha tempo de amadurecer em nós, de se revelar. Mais de 24 horas depois de o ver, “La Sombra del Tiburón” não me sai da cabeça. Isto mostra que o filme é realmente forte e com imagens marcantes que não nos abandonam durante algum tempo. Isto leva também a que tenha de me retratar. Quando disse que Gallego não nos dava pistas sobre o significado do filme, não podia estar mais enganado. Com o filme às voltas na cabeça, houve peças do puzzle que se foram encaixando, ao ponto de me surgir uma teoria válida, uma explicação para os acontecimentos do filme que, afinal, estiveram sempre ali, à vista de todos. “La Sombra del Tiburón” é um filme que marca e se apega a nós, e que não nos abandona tão cedo. E, como esses são os melhores, actualizei a sua classificação.

Classificação: ★★★★½

Que filmes estão a pensar ir ver nesta edição do Fantasporto, e qual vos chama mais a atenção?

Parte 2 da programação do Fantasporto 2024.

Parte 3 da programação do Fantasporto 2024.

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