Eis as minhas recomendações anuais de filmes e séries que podem ser vistas nas três plataformas de streaming que frequento: Netflix, HBO Max e Amazon Prime Video. Por serem recomendações para o Halloween são, como é apropriado, de terror. Com mais ou menos sustos, para nos deixar a pensar ou simplesmente divertir, há para todos os gostos dentro do mais rico dos géneros. Sugiro-lhes novidades, clássicos e títulos que podem eventualmente ter passado despercebidos, mas que penso que podem e devem ser vistos. Podem aceder às minhas sugestões de anos anteriores aqui, mas vamos às minhas recomendações para o Halloween 2022…
Sugestões para o Halloween 2022 por serviço de streaming.
“The Midnight Club”
Porque Mike Flanagan não falha nas minhas recomendações anuais para o Halloween, recomendo “The Midnight Club“, a sua nova série para a Netflix. Não me vou alongar muito na recomendação, porque já escrevi sobre ela aqui.
Classificação: ★★★★★
Link para “The Midnight Club” na Netflix.
“Guillermo Del Toro’s Cabinet Of Curiosities”
Guillermo Del Toro está de volta à Netflix como anfitrião de uma antologia de horror baseada no seu profícuo imaginário. São 8 episódios, cada um com uma estória diferente e entregue a um realizador com provas dadas na área. São eles Guillermo Navarro (“Hannibal“, “Narcos“), Vincenzo Natali (“Cube“, “Splice“), David Prior (“The Empty Man“), Ana Lily Amirpour (“A Girl Walks Home Alone at Night“), Keith Thomas (“The Vigil“), Catherine Hardwicke (“Twilight“, “Red Riding Hood“), Panos Cosmatos (“Mandy“) e Jennifer Kent (“The Babadook“, “The Nightingale“). Irei escrever mais aprofundadamente sobre a série, mas fica a recomendação para o Halloween 2022, após três episódios vistos.
Classificação: ★★★★★
Link para “Guillermo Del Toro’s Cabinet Of Curiosities” na Netflix.
“The Frighteners”
Toda a gente conhece o Peter Jackson de “The Lord Of The Rings“, “King Kong” e “The Hobbit“, mas poucos sabem o que o homem andava a fazer antes disso (e se calhar é melhor assim). Dos seus filmes amadores, loucos e sangrentos, ao “Braindead” que venceu o Fantasporto em 1993 (e que eu vi duas vezes, no Lumiére e no Carlos Alberto) e “Heavenly Creatures” que marcou a estreia no cinema de Kate Winslet, Jackson deu o salto para o mainstream com esta comédia de terror fantasmagórico, “The Frighteners“, em 1996. Com uma das maiores estrelas da altura, Michael J. Fox, Jackson misturou o seu humor característico com a recém criada tecnologia do CGI para criar um filme leve e divertido, com uma boa estória e interpretações (por aqui anda R. Lee Ermey numa versão post-mortem do seu personagem em “Full Metal Jacket” de Stanley Kubrick) e alguns bons sustos. Como curiosidade, Jackson conta, numa mensagem de abertura na edição especial em DVD deste filme, que teve de comprar meia dúzia de computadores para conseguir executar os efeitos especiais requeridos. Quando concluiu o projecto, e para não desperdiçar o investimento, decidiu avançar para outro em que pudesse dar uso ao equipamento. Este filme é o responsável por Jackson ter abraçado a obra de Tolkien, ao longo da qual teve de multiplicar por muitos o número de computadores e criar a Weta Digital. Não acrescenta nada ao filme, mas é uma curiosidade interessante para um filme que é uma boa aposta para quem não viu e gosta do género.
Classificação: ★★★★★
Link para “The Frighteners” na Netflix.
“Little Shop Of Horrors”
É provável que a maioria da malta jovem que seguir esta minha recomendação acabe o filme a rogar-me as piores pragas. “Little Shop Of Horrors” é um dos mais bizarros filmes dos anos 80, e apesar do nome não é propriamente horror. É sobre um empregado de uma loja de flores que descobre uma estranha planta que acaba por ser carnívora, sedenta de sangue e carne humana, que fala, canta e dança e acaba por levar o jovem a saciar-lhe a fome. Sim, é um musical, ao estilo de “Rocky Horror Picture Show” ou “The Blues Brothers“, com canções da dupla que revitalizou a Disney no inicio dos anos 90, Alan Menken e Howard Ashman (Óscares por “The Little Mermaid” e “Beauty and The Beast“, mas cuja primeira nomeação foi com este filme, escrito também por Ashman). Realizado por Frank Oz (dono da voz de inúmeras personagens imortais como Yoda ou Miss Piggy), é um remake de um filme de 1960 de Roger Corman, e conta com um elenco de luxo: Rick Moranis, Ellen Greene, Vincent Gardenia, Steve Martin, Jim Belushi, John Candy, Christopher Guest e Bill Murray. “Little Shop Of Horrors” tem um tom exagerado, histriónico, quase grotesco, em que cada actor aborda a personagem como se de um cartoon se tratasse. Tem um dentista sádico, um paciente masoquista, uma mulher vítima de violenta doméstica e muitas canções a suavizar isto tudo. Tornou-se um filme de culto (vá-se lá saber porquê), mas se esta bizarria vos cair no goto será uma noite de halloween bem passada.
Classificação: ★★★½★
Link para “Little Shop Of Horrors”” na HBO Max.
“Malignant“
Este é um filme recente que a maioria dos fãs do género já viram, mas esta é uma altura em que muitas das pessoas que não o são se aventuram a ver um filme de terror. Para esses, esta é uma boa aposta, até porque esse tipo de pessoa não é muito exigente no que diz respeito às mecânicas do género. Não é que seja uma mau filme, a sua execução é até bastante inventiva, com boas sequências de acção e sustos a rodos. O problema é que, para nós que entendemos o género, “Malignant” é bastante previsível, principalmente no que diz respeito aos sustos e aos twists da narrativa. James Wan sabe o que está a fazer, ao tomar riscos e estivar a corda do género, e isso é de louvar, mas estica um pouco demais, até ao ponto em que a sua premissa se torna quase anedótica. Sim, é um filme que entretêm e assusta mas no diz respeito à suspensão da descrença, pede um pouco demais aos espectadores. No entanto, não deixa de ser uma boa aposta para o Halloween 2022.
Classificação: ★★½★★
Link para “Malignant” na HBO Max.
“The Exorcist – Director’s Cut“
“The Exorcist” é um dos mais (re)conhecidos filmes de terror de sempre. Foi realizado em 1973 por William Friedkin e conseguiu trazer respeitabilidade ao género, por ser o primeiro filme de terror a ser nomeado ao Óscar de melhor filme. O feito é ainda mais surpreendente se tivermos em conta que, nos 49 anos seguintes apenas mais 5 conseguiram o feito: “Jaws“, “The Silence Of The Lambs” (o único filme de terror a ganhar o Óscar de melhor filme e o terceiro e último a ganhar os cinco Óscares principais), “The Sixth Sense“, “Black Swan” e “Get Out“. E se olharmos para esta lista percebemos que “The Exorcist” é o único filme de terror puro e duro, todos os outros são predominantemente dramas, suspense ou thriller. O filme de Friedkin ainda hoje é considerado um dos mais assustadores de sempre, provocando reacções físicas em quem não estava preparado para o ver há quase meio século. Com umas impressionantes 10 nomeações, acabaria apenas por ganhar as estatuetas para melhor argumento e melhor som. A visibilidade que o filme teve em relação à academia deveu-se em parte ao facto de Friedkin ter ganho 5 Óscares com o seu filme anterior, “The French Connection“, incluíndo os de melhor realizador e melhor filme. Mas não foi só isso, os testemunhos de pânico (que levavam até a convulsões e desmaios) fizeram com que mais e mais pessoas o quisessem ver, tornando-o um sucesso estrondoso e um filme impossível de ignorar. O que importa, é que tudo o que se escreveu e disse é inteiramente merecido, para o bem e para o mal. “The Exorcist é um excelente filme, com uma narrativa sólida e provocadora (sobretudo para a Igreja) e continua aterrador até hoje. O trailer minimalista que podem ver abaixo foi banido de muitos cinemas, por ser considerado demasiado assustador. Linda Blair, que à altura tinha doze anos, foi ameaçada de morte por fanáticos religiosos que consideravam que o filme glorificava o Satanismo, a ponto da Warner Bros. ter de colocar seguranças a protegê-la por 6 meses após a estreia. A versão que está disponível no link abaixo é a que foi lançada em 2000, com cenas adicionais que foram complementadas com CGI, cortadas da versão original porque os efeitos especiais não tinham agradado a Friedkin. O poster acima é o dessa versão, e ostenta a frase que caracteriza “The Exorcist” até hoje: ‘o filme mais assustador de todos os tempos‘.
Classificação: ★★★★½
Link para “The Exorcist” na HBO Max.
“Get Out“
E depois do primeiro filme de terror nomeado para o Óscar de melhor filme, é apropriado passarmos para o último. “Get Out” traz-nos a pior e mais aterradora das ameaças: nós (que curiosamente é o título do filme seguinte de Jordan Peele). O ser humano é capaz do melhor e do pior, e o racismo está entre os fenómenos que ilustram o que de pior pode existir na humanidade, a par de todos os outros preconceitos que criem uma hierquização que conduza à descriminação. Peele, provavelmente por ser negro, usa-o como ponto de partida para o pior pesadelo de uma pessoa de cor, num drama escalável e obsceno de controlo e poder sobre os outros, com uma ponta de humor que o torna quase caricatural, se nós não soubessemos que existem pessoas assim e esta luta é real e travada diariamente. Puxar a consciência da sociedade para o lado dos minorias é o maior feito de “Get Out”, que o consegue de forma eloquente, criativa e convincente. A jornada de Chris (formidável interpretação de Daniel Kaluuya) ao inferno é tão detalhada e expressiva, que a nossa identificação com ele vai para lá da cor da pele ou qualquer outra condição que não a humana. Mais do que um filme para ver no Halloween, é um filme para ver sempre, pela consciencialização da sociedade que começa em nós.
Classificação: ★★★★★
Link para “Get Out” na Prime Video.
“The Grudge“
Esta é mais uma versão americana (a segunda) do clássico de Takashi Shimizu, “Ju-On“, desta feita pela mão de Sam Raimi. Como todas as réplicas americanas de filmes internacionais, este fica uns furos abaixo do original, mas mesmo assim é uma proposta interessante para quem só se quer divertir a apanhar uns sustos. E aqui há alguns bem conseguidos e interessantes, mas é apenas isso, um competente filme de terror. O facto de eu o recomendar é por ter um elenco muito sólido (Demián Bichir, Andrea Riseborough, John Cho, William Sadler e a lenda viva do género, Lin Shaye) e música dos The Newton Brothers, colaboradores habituais de Mike Flanagan. Portanto, quem quiser desanuviar um bocado com um filme que não exige muito do espectador além de predisposição para ser assustado, esta é uma boa proposta.
Classificação: ★★½★★
Link para “The Grudge” na Prime Video.
“Howl“
Por último, volto a recomendar um filme que já vos tinha recomendado na primeira vez que fiz um especial de Halloween, em 2015. Na altura, o streaming era ainda recente em Portugal, e não tinha a preocupação de verificar a disponibilidade das minhas sugestões. Por isso, agora que o filme está disponível no Prime Video, volto a sugeri-lo e repito o que escrevi em 2015:
O realizador Paul Hyett, vindo da caracterização, já tinha ganho o prémio da crítica com o seu filme de estreia “The Seasoning House” no Fantasporto 2013, e regressa aqui com um filme de lobisomens despretensioso e bem conseguido. Quando uma viagem nocturna de comboio é misteriosamente interrompida no meio de uma floresta, e este é atacado por horrendas criaturas, os passageiros vão tentar sobreviver até ao nascer do dia. Hyett consegue gerir muito bem a narrativa, criando uma tensão constante, pontuada com humor e bons efeitos práticos, apesar de não conseguir evitar alguns clichés do género. “Howl” resulta num filme competente, envolvente e sobretudo despretensioso, que consegue assustar e criar suspense suficiente para agradar aos fãs do género.
Classificação: ★★★½★
Link para “Howl” na Prime Video.
Estas são as minhas recomendações para o Halloween 2022. Espero que gostem…