Fantasporto 2019 – Os filmes, Parte 1 – 19 a 24 Fev.

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Está aí a 39ª edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, que decorre entre os dias 19 de Fevereiro e 3 de Março no Rivoli – Teatro Municipal. Como sempre, poderá acompanhar aqui tudo o que se vai passar no grande auditório, onde decorrerão as principais secções competitivas do festival. Poderá consultar os posters, trailers e sinopses dos filmes a concurso e, diariamente, conferir a nossa apreciação a todos os filmes exibidos. Este ano, o pré-fantas será inteiramente dedicado à secção Fantas Classics, onde poderemos ver grandes filmes em versões restauradas, no formato para que foram feitos. Deixo-lhes os links para o programa oficial no Issuu e da página de facebook do festival. Vamos aos filmes…

TERÇA, 19 DE FEVEREIRO

21:00 – “Easy Rider

Easy Rider - Poster

Dennis Hopper – 95’ – USA- 1969 – FANTASCLASSICS – Aventura/Drama

Dois amigos partem de moto numa viagem através da América, descobrindo uma cultura de intolerância que desconheciam. Rodado em Hollywood, este é o “road movie” por excelência, realizado por Dennis Hopper em 1969. Um hino à liberdade e à procura de uma sociedade livre. Com Dennis Hopper, Peter Fonda e Karen Black. Homenagem do Fantasporto por ocasião do 50º aniversário da estreia.

Apreciação: Visto agora, pela primeira vez, em sala de cinema, para a qual foi produzido, “Easy Rider” perde parte da sua importância porque acentua as suas fragilidades narrativas. Mas, datado na forma, continua a ser pertinente na sua visão desumanizada da sociedade actual. É certo que é preciso contextualizá-lo para lhe dar essa importância, mas essa dificuldade faz parte do seu charme. Com uma plateia que se dividia entre os que já o tinham visto noutro formato e os que o esperienciavam pela primeira vez, foi fascinante sentir as diferentes reacções e perceber que ninguém ficou indiferente à experiência. “Easy Rider” continua a ser um objecto estranho. Formalmente foi muito moderno e experimental para a sua época e é demasiado antiquado 50 anos depois, nunca encontrou o seu tempo. Contudo, na sua mensagem é intemporal, como todas as grandes obras de arte.

Classificação: 4 / 5

QUARTA, 20 DE FEVEREIRO

21:00 – “The Shinning

The Shinning - Poster

Stanley Kubrick– 119’-UK/USA- 1980 – FANTASCLASSICS – Drama/Terror

O clássico de terror de Stanley Kubrick, de 1980, trouxe um género por muitos marginalizado como inferior para o “mainstream” dos grandes filmes de génio. Uma família entra num hotel enorme e isolado para lá passar o inverno. Com Jack Nicholson e Shelley Duval. Homenagem do Fantasporto por ocasião dos 20 anos da morte do realizador.

Apreciação: Ao contrário do filme de Dennis Hopper, que vimos ontem, qualquer filme do Kubrick continua formalmente actual. O realizador sempre foi considerado um visionário, mas ísso terá mais a ver com o seu rigor em relação à técnica cinematográfica (cuja perfeição ele perseguia incansávelmente), e que torna a sua obra intemporal, do que com os temas que abordava. “The Shinning”, que agora revimos no seu formato original, é provavelmente o seu filme mais discutido (e mesmo assim não será o mais ambíguo). Apesar de ser baseado no best seller de Stephen King, ou talvez por isso, é o filme em que Kubrick mais deu asas à imaginação, na exploração de fobias, arrependimentos, memórias e redenção pessoal. Sempre que Kubrick se afasta do romance de King, mergulhamos em incertezas e aparentes contradições, tão fascinantes quanto enigmáticas. Como filme de terror, continua a funcionar, não lhe fazendo falta nenhuma as inovações técnicas dos últimos 39 anos. Esse é talvez o melhor elogio que se possa fazer a um filme deste género, e será certamente válido por mais 39. Só é pena que não se tenha aproveitado esta ocasião para fazer uma sessão dupla com o documentário “Room 237“, em que mergulhamos em teorias tão loucas quanto verosímeis sobre o significado das variações de Kubrick. Talvez numa próxima edição…

Classificação: 4.5 / 5

QUINTA, 21 DE FEVEREIRO

21:00 – “A Clockwork Orange

A Clockwork Orange - Poster

Stanley Kubrick – 137’- UK/USA- 1971 – FANTASCLASSICS – Drama/Ficção Científica

Um gang de jovens lança o pânico na cidade do futuro. O seu chefe, depois de preso, vai submeter-se a uma experiência para mudar o seu comportamento. A reacção na altura da estreia deste filme foi tal que chegou a estar proibido em alguns países, entre os quais Portugal onde apenas estreou em Novembro de 1974. E a ousadia do realizador Stanley Kubrick em usar música clássica para ilustrar cenas violentas ajudou à chamada de atenção para a brutalidade humana. Nomeado para 4 Oscares. Homenagem do Fantasporto por ocasião dos 20 anos da morte do realizador.

Apreciação: “A Clockwork Orange” dispensa apresentaçãoes e é uma das grandes obras-primas do cinema. Apesar disso, é talvez o mais datado dos filmes de Kubrick, não pela estética ou narrativa, mas pela representação da violência, cuja reputação o precede. Contudo, é também o seu filme cuja tema mais é transversal a épocas e sociedades. Esta dualidade continua a ser fascinante e o filme continua a ser perturbador, embora o seu ritmo seja inconstante, principalmente no 3º acto. O facto de ter estado quase 3 décadas banido no Reino Unido (a pedido do realizador que recebeu inúmeras ameaças de morte aquando da sua estreia, e cuja distribuidora cumpriu até à sua morte) tornou-o num filme de culto instantâneo, estatuto que mantém graças à sua irreverência e estética irrepreensíveis, ao invulgar uso da sua banda sonora e a uma temática que nunca deve parar de ser discutida.

Classificação: 4 / 5

SEXTA, 22 DE FEVEREIRO

21:00 – Sessão Abertura Oficial – “Prospect

Prospect - Poster

Zeek Earl, Chris Caldwell – 100’ – Canada/ USA- CF- Ficção Científica

Este é um excelente exemplo do cinema independente americano. Uma adolescente e o pai vão a uma lua remota e tóxica, esperando encontrar riqueza para a vida, descobrindo um grande depósito de gemas valiosas e raras . Mas não estão sós. Com excelentes críticas do Variety e Hollywood Reporter, com Sophie Thatcher e Pedro Pascal, este filme foi selecionado para os festivais de Seattle e Denver.

Apreciação: Filme bastante interessante, pela forma como consegue, com um baixo orçamento, criar a ilusão de um outro mundo. São pequenas subtilezas que dão credibilidade à estória e mostram que não é preciso gastar milhões e algumas décadas para criar ficção ciêntífica credível (sr. Cameron, ponha os olhos nisto). O problema é o resto, um argumento banal e prevísivel, carregado de clichés, que nos mantém à espera de uma revirolva que acaba por não acontecer. Os actores são interessantes, mas este é um filme redundante e que se esquece pouco depois da sua visualização.

Classificação: 2.5 / 5

23:30 – “Alien

Alien - Poster

Ridley Scott – 116’ – UK/USA – 1979 – FANTASCLASSICS – Ficção Científica

Por ocasião dos 40 anos da estreia do filme, o Fantasporto homenageia “Alien”, o filme original da saga e a segunda longa metragem do realizador que depois nos trouxe “Blade Runner”, “Thelma & Louise”, “Gladiator” ou “The Martian”. Uma nave espacial recebe um pedido de ajuda vindo de uma lua perto. Na volta, um dos membros da tripulação traz com ele uma forma de vida misteriosa e letal, originalmente desenhada pelo artista suiço Giger. Com Sigourney Weaver, Tom Skerrit e John Hurt, entre outros. O filme venceu o Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 1980.

Apreciação: Não há muito a dizer sobre “Alien”, é um filme que dispensa apresentações e que qualquer fã de ficção ciêntifica e terror conhece de cor e salteado. A esperiência de o ver em sala de cinema, para onde foi feita, enaltece as suas qualidades e exponencia a sua tensão. É interessante ver que as tentativas de revitalização da saga, pelo seu autor original, não conseguem chegar perto deste primeiro filme, por mais que os efeitos especiais tenham evoluído e se consiga pôr o espectador cada vez mais perto da acção. De certeza que daqui a 40 anos nenhuma das sequelas recentes terá a frescura, autenticidade e tensão que Scott alcançou aqui. Talvez fosse melhor parar de tentar…

Classificação: 4.5 / 5

SÁBADO, 23 DE FEVEREIRO

15:00 – “The Witch in the Window“

The Witch in the Window - Poster

Andy Milton – 77’ – USA – CF – Terror

Um rapazinho viu imagens violentas na net. Assustada com as consequências, a mãe pede ajuda ao ex-marido. O pai está a reparar uma casa isolada e tenta saber o que se passa na cabeça do filho. Mas a casa onde estão também tem os seus segredos. Excelentes interpretações de Alex Draper e Charlie Tacker neste filme recriando com originalidade um tema clássico do terror.

Apreciação: Já é uma das grandes surpresas deste Fantas. “The Witch In The Window” é um filme de casa assombrada (género muito batido no terror) e baixo orçamento, o que fazia antever um filme prevísivel e dispensável. Mas, com os seus 77 minutos, revelou-se um belíssimo filme, que assume os clichés e descontrói-os mas, principalmente, faz aquilo que todos os filmes de terror deveriam fazer: entregar personagens sólidas e bem interpretadas, que criam empatia com o público desde o primeiro minuto. Milton consegue transformar a fraqueza do seu orçamento em força criativa, com um décor simples mas eficaz e uma fotografia que apesar de ter algum ruído próprio do digital é cuidada e muito bem executada. Nota-se que todos os planos foram estudados para obter uma reacção do espectador, e os seus sustos são intensos porque a câmara demora o seu tempo a revelá-los, além de não serem forçados e gratuitos, pertencem à narrativa e impulsionam-na. Convém ainda referir a banda sonora, com belíssimas frases de piano e orquestrações simples, a sublinhar e reforçar a tensão. Já não me lembrava da última vez que um filme me provocou arrepios que duraram alguns segundos, e isso é uma proeza digna de realce para um filme com estas características.

Classificação: 4.5 / 5

16:30 – “The Witch: Part 1- The Subversion“

The Witch: Part 1- The Subversion - Poster

Hoon-Jung Park – 125’ – Coreia do Sul – CF/OE – Action/ horror

Do argumentista de “I Saw the Devil”, melhor filme Orient Express e melhor realização CF no Fantas 2011, a fabulosa história de uma estudante com amnesia que tenta descobrir o que lhe aconteceu. Tudo a leva a uma escuridão que não esperava. Um vendaval inesperado, do melhor cinema coreano. A espantosa estreante Da- mi Kim foi premiada já no Fantasia Film Festival. Este é o filme mais rentável de 2018 na Coreia.

Apreciação: Primeiro filme Sul-coreano deste Fantas que, como não podia deixar de ser, é sobre vingança e tem mais 20 a 30 minutos do que devia ter. Apesar de só acabar à terceira tentativa (ou terceiro final, sendo que os dois primeiros já lhe serviam bem), é no primeiro acto que lhe encontramos os maiores problemas de ritmo. O filme demora muito na preparação da estória e torna-se mesmo enfadonho ao final da primeira hora, mas depois vem o seu ponto forte: a acção. E as cenas de acção são das melhores que temos visto: intensas, brutais (no sentido real do termo e não daquele que a malta jovem lhe dá) e frenéticas, e valem a visualização do filme. Para terem uma idéia, quando o filme realmente explora a sua força e ganha interesse, já tinha dado para vermos “The Witch In The Window” uma segunda vez. É bem realizado e produzido, visualmente fascinante, mas os seus problemas de argumento prejudicam-no. Talvez a 2ª parte já não perca tanto tempo com introduções e vá directo ao que é mais importante…

Classificação: 3.5 / 5

19:00 – “Albatroz“

Albatroz - Poster

Daniel Augusto – 97’- Brasil – SR – EUROPEAN PREMIÈRE- thriller

Escrito, entre outros, pelo argumentista de “Tropa de Elite” e “Cidade de Deus” (que lhe deu uma nomeação para o Oscar), Braulio Mantovani, este filme conta a intrincada história do fotógrafo Simão, da sua mulher e das suas amantes. Uma delas, Alicia, namorada de juventude não passa agora de uma mulher despeitada que se vinga numa experiência que se revela trágica e onde os contornos da vida real se vão confundir com os sonhos. Com Alexandre Nero, Andrea Beltrão e Maria Flor.

Apreciação: É uma pena que o cartão de visita de “Albatroz” seja o argumento co-escrito por Mantovani, quando é esse argumento que estraga um filme com excelentes valores técnicos e artísticos. É confuso, atabalhoado enigmático (no mau sentido) e falha ao conseguir esclarecer o espectador e criar-lhe interesse pelas personagens. Completamente inócuo e redundante.

Classificação: 2 / 5

21:00 – “Human, Space, Time and Human“

Human, Space, Time and Human - Poster

Kim Ki-Duk -121’- Coreia do Sul- CF/OE – Terror | Fantasy Drama

Num velho barco, estão várias pessoas em férias, entre eles um conhecido político e o filho. Mas um grupo de gangsters vais desestabilizar a ordem e criar o caos. Quando o inesperado acontece, o jogo da sobrevivência vai transformar a vida a bordo numa espiral de violência e desespero. Do conhecido Kim-Ki Duk, realizador de “The Isle” e “Breath”, vencedor em Veneza, Locarno, Sitges, entre outros, várias vezes premiado no Fantasporto onde foi vencedor em 2013 do Prémio Oriente Express com “Pietá”. Cenas Eventualmente Chocantes.

Apreciação: Fantas não é Fantas sem Kim Ki-Duk, e ele aí está novamente com uma alegoria social e humana, megalómana e, a espaços, histérica. Não quer isto dizer que o filme seja desprovido de interesse, como acontece com quase todas as obras menores dos grandes mestres, mas aqui o interesse maior reside na forma e não no conteúdo. Visualmente o filme é deslumbrante, intenso, macabro, mas no conteúdo falta-lhe um elemento redentor no 3º acto (ou melhor no 4º capitulo) que lhe permita demonstrar algum optimismo.

Classificação: 3.5 / 5

23:15 – “X – The eXploited“

X - The eXploited - Poster

Károly Mészáros – 111’ – Hungria – SR – Thriller

Uma mulher-polícia tem ataques de pânico graves. Por outro lado, vai ter de lidar com o que ela pensa que é a maior conspiração na Hungria contemporânea. Parece que ela não tem hipóteses de desvendar o sangrento mistério. Segunda longa-metragem do realizador de “Lisa, The Fox-Fairy”, vencedor do Prémio de Melhor Filme do Fantasporto 2015.

Apreciação: Da Hungria têm passado pelo Fantas excelentes thrillers actuais e contundentes, e este é mais um bom exemplo disso. O que aqui surpreende é que seja realizado pelo autor de “Lisa, The Fox-Fairy”, que aqui no traz uma estória muito mais negra e com contornos de crítica social e política. A fotografia é belíssima, o argumento é bem escrito, com boa caracterização das personagens principais, pragmáticos momentos de tensão e uma intriga policial eficaz e complexa.

Classificação: 4 / 5

DOMINGO, 24 DE FEVEREIRO

15:00 – “Reborn“

Reborn - Poster

Julian Richards – 78’ – USA – CF – Terror

Uma bébé, considerada morta à nascença é reavivada por um choque eléctrico e é levada pelo técnico da morgue. Dezasseis anos mais tarde, Tess que possui controle sobre a electricidade, foge e tenta saber quem é a mãe e parte à sua procura, deixando atrás um rasto de sangue . Por seu lado, a mãe procura fechar essa parte do passado e a dor que lhe causou a perda do bébé. Com Kayleigh Gilbert, Barbara Crampton, Michael Paré e Rae Dawn Chong, do realizador de “Darklands” e “The Last Horror Movie”.

Apreciação: Com mais de 30 anos a realizar (e mais de 20 em longas-metragens), seria de esperar que o “salto” de Richards para Hollywood fosse qualitativo, ajudado por bons valores de produção. Só que não, e o resultado final parece padecer de um amadorismo congénito que os meios, além de não ajudarem, prejudicam. O argumento é banal e inverosímil, cheio de clichés que Richards não faz o mínimo esforço para evitar. Os erros de continuidade são gritantes e o realizador parece perdido nos décors, sem sentido de orientação e fraca percepção do espaço fílmico, não explorando a profundidade de campo, o que não lhe permite imprimir realismo à narrativa. Essa bidimensionalidade está presente também nas interpretações, com caras conhecidas das séries B a Z americanas a mostrarem que essa é a sua zona de conforto e mais não é preciso. Assim é fácil fazer dois filmes no mesmo ano, até é estranho não ter feito mais…

Classificação: 1 / 5

16:30 – “The Head Hunter“

The Head - Poster

Jordan Downey – 72’ – USA/Port – CF/PCP – Terror

Um caçador mercenário solitário prepara-se para caçar monstro da floresta que matou a sua filha. Rodado em Portugal, na zona de Bragança, com uma equipa parcialmente portuguesa, foi já premiado no Nightmares Film Festival como Melhor Filme e Melhor Fotografia. O realizador Jordan Downey trabalhou com Wes Craven e esta é a sua terceira longa -metragem. Seleccionado para o Festival de Sitges.

Apreciação: Um homem e uma cabana, é quanto basta para fazer um grande filme. Com muito poucos meios, Downey cria um mundo estranho, medieval e perigoso, cheio de criaturas horrendas e magia-negra, sem nunca nos mostrar nada (ou muito pouco), mas fazendo-nos acreditar em tudo. Christopher Rygh leva o filme às costas, com uma expressividade desarmante desde os primeiros segundos. A paisagem natural de Trás-os-Montes é tão ampla quanto asfixiante e filmada de forma exímia, com meios reduzidos mas muita criatividade e sentido de escala, usando as limitações do equipamento utilizado a seu favor, sabendo sempre encontrar o melhor plano para nos convencer de que estamos a ver o que não nos é mostrado. Claro que isto é tudo fundamentado por um excelente trabalho de som, e uma banda sonora envolvente e significativa. Tudo aqui é poético e minimalista, e resulta ao nível das emoções, que é no fundo aquilo que procuramos quando vamos ao cinema.

Classificação: 5 / 5

18:15 – “Last Sunrise“

Last Sunrise - Poster

Wen Ren – 104’ – China – CF/OE – WORLD PREMIERE – Ficção Científica/Romance

Depois do sol desaparecer, qual é o futuro da humanidade? É o que Sun Yang, um astrónomo amador, e a jovem Chen Mu vão descobrir num mundo gelado onde surge o melhor e o pior da Humanidade. Quando, depois das maiores catástrofes, 30 % da vida sempre sobrevive, porque havemos de fazer parte dos que desistem? Um dos primeiros filmes de ficção científica produzidos na China, com grandes interpretações e efeitos especiais. Primeira longa-metragem do realizador.

Apreciação: Filme que não traz nada de novo ao género, mas aquilo que faz, fá-lo com competência. O sol já se apagou muitas vezes no cinema, mas aqui temos um ponto de vista interessante, que cria logo um tom na narrativa que se vai tornando mais negro à medida que a mesma avança. “Last Sunrise“ é envolvente, com bons efeitos especiais e uma atmosfera apocaliptíca muito realista.

 

Classificação: 3.5 / 5

21:00 – “The Panama Papers“

The Panama Papers - Poster

Alex Winter – 96’ – USA – SR – Documentário

Com a voz de Elijah Wood, um documentário fundamental para a compreensão das sociedades modernas. Um grupo de jornalistas em vários países arriscam a vida na investigação dos chamados “Panama Papers” fornecidos por um anónimo. Entre Putin e Trump, primeiros ministros, personalidades da finança, da política, celebridades e gente anónima, todos colocam dinheiro em “off-shores”, seguindo esquemas de transferências entre empresas e fugindo aos impostos, acumulando riquezas incalculáveis, indiferentes ao resto do mundo que se afunda na desigualdade social e na pobreza.

Apreciação: Primeiro que tudo, isto não é cinema nem quer sê-lo. Isto é um trabalho jornalístico muito bem feito, sobre um tema quente, da perspectiva das pessoas que o investigaram e trouxeram para a opinião pública. Como documento que explica tudo muito bem explicadinho, é excelente. Como filme… não é. É apenas uma sucessão de depoímentos, intercalados com imagens ilustrativas, sem cuidado especial na fotografia e montagem. Vale apenas para quem quer saber mais sobre o tema (e todos deviam querer), mas para ver na tv, ou no computador, ou no telemóvel, etc. Aqui, não.

Classificação: 2 / 5

23:15 – “In Fabric“

In Fabric - Poster

Peter Strickland – 119’ – UK- CF – Horror Fantasy comedy

Do realizador de “Berberian Sound Studio”, premiado no Fantas 2012, uma comédia de horror passada num departamento de um grande armazém, pleno de criatividade e originalidade. Produzido pela BBC, com Marianne Jean-Baptiste, nomeada para os Oscares por “Secrets and Lies” (Mike Leigh), e Gwendoline Christie, a Lady Brienne de “Game of Thrones” e “Star Wars: The Force Awakens”. Selecionado para os festivais de Londres e San Sebastian, vencedor do Prémio de Realização do Festival de Austin.

Apreciação: Gostei muito de “Berberian Sound Studio” (vi-o no Fantas) e tinha grandes expectativas para este “In Fabric”. Talvez por isso, a desilusão foi enorme. Bons valores de produção e excelentes interpretações, mas que infelizmente não tem um argumento à altura. Falta-lhe, acima de tudo, propósito. Quando não cai na caricatura e na alegoria é excelente. Quando o faz, é excessivo, desinteressante e, sobretudo, raramente tem piada.

Classificação: 1.5 / 5

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