Fantasporto 2018 – Dias 20, 21, 22 e 23.

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É já nos dias 20 de Fevereiro a 4 de Março que acontece a 38ª edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, como sempre nos dois auditórios do Rivoli – Teatro Municipal. Para que não perca nada aqui ficam os links com a programação total das duas salas, no Issuu e no facebook oficial do Fantas. Abaixo, podem conferir toda a programação do Grande Auditório, com posters e trailers dos filmes, além da sinopse oficial do festival. Após a exibição dos filmes, completarei a informação com uma breve apreciação e classificação de cada um deles.

TERÇA, 20 DE FEVEREIRO

21:15 – SESSÃO DE ABERTURA OFICIAL – “Marrowbone

 Sérgio G. Sanchez – 110’ – Espanha – Horror – v.o.ingl /leg port – P&P – ANTESTREIA
Um jovem e os seus três irmãos são acossados por uma presença sinistra no amplo palacete onde vivem. Filme nomeado para os Goyas, selecção dos Festivais de San Sebastian e Toronto, e vindo de uma equipa de peso. É a primeira longa-metragem de Sanchez, vencedor em 2002 do Prémio de Curta Metragem CF do Fantasporto, produzida por J. A. Bayona (de “Pan’s Labirynth”), que em 2008 foi Prémio Melhor Realizador do Fantasporto com “El Orfanato”. Distribuição Pris Audiovisuais.

Apreciação: “Marrowbone” é um thriller claustrofóbico com contornos sobrenaturais, com uma estória e personagens interessantes, mas que falha naquela que seria a sua grande cartada, o twist que nos faz repensar toda a narrativa anterior. O problema é que esse twist tem 19 anos e já foi usado inúmeras vezes desde então, tornando-o presivivel a largos minutos de distância. Além disso, está pejado de clichés do género, como os sustos a cada 10 minutos, que assustam mais pelo inesperado nível de décibeis do que com o que se passa no ecrã. O que dá ainda mais peso a estes dois factores é que o filme não precisava deles para nada. A estória é interessante e bem elaborada (embora apontada ao desnecessário twist), as interpretações são todas de grande nível, a direcção artística e fotografia são belíssimas e o ritmo imposto à narrativa mantém o espectador expectante e interessado. O filme acaba por ser um entretenimento competente para o espectador ocasional, mas podia ser bem mais relevante para os entusiastas do género. Por outro lado, já vi o Fantas começar muito pior…

Classificação: 3/5

QUARTA, 21 DE FEVEREIRO

17:15 – “Fractured”

Jamie Patterson – UK – 108’ – 2016 – Horror – v.o.ingl/leg port – P&P – ANTESTREIA EUROPEIA
Rebecca e Michael vão passar um fim-de-semana romântico fora, mas um pneu do carro rebenta. A partir daí, o casal tem sempre uma sensação de que alguém os está a seguir e vigiar. As únicas pessoas que encontram são Feyr e Alva que lhes dão uma boleia. Mas a sua casa de campo de fim-de-semana torna-se numa terrível prisão e tortura a cargo de algo ou alguém que desconhecem…Do realizador de “Caught” apresentado no Fantas 2017.

Apreciação: Pequena estória simples mas bem estruturada, ou fraccionada, como o titulo sugere. Sem nada que deslumbre, vale pelo clima de tensão que o realizador imprime à narrativa, e a fractura que a subverte. Bastante melhor do que “Caught”.

Classificação: 3/5

(sem trailer disponível)

19:15 – “Ruin Me”

Preston DeFrancis – 88’ – EUA – CF –Horror – v.o. ingl/leg port – ANTRESTREIA EUROPEIA
Alexandra acede relutantemente a participar no evento ‘Slasher Sleepout’, uma experiência limite que é uma mistura de campismo, casa assombrada e ‘escape room’. Mas o evento corre mal… Primeira longa-metragem do realizador . Filme vencedor do Atlanta Horror Film Festival, entre outros prémios.

Apreciação: Filme bem humorado que pretende caricaturar as experiências radicais, e os filmes slasher. Consegue manter um bom ritmo e tem sequências bem estruturadas e com atenção aos pormenores. As interpretações também estão acima da média dos filmes do género.

Classificação: 3.5/5

 21:15 – “Ajin: Demi-Human”

Katsuyuki Motohiro – 109’- Jap – Fantasy – CF – v.o. leg ingl/leg.port. – ANTESTREIA
Vindo da maior companhia de cinema do Japão, a Toho, e no seguimento do acolhimento há 2 anos de “I’m Not a Hero” no Fantasporto, chega-nos agora uma história fantástica sobre humanos que não morrem, numa perspectiva cheia de originalidade e acção, questionando o poder daqueles que sabem que podem fazer tudo sem consequências. Selecção do Festival de Paris.

Apreciação: Os estúdios da Toho já nos habituaram a super produções fantásticas carregadas de efeitos especiais, e este Ajin é um bom exemplo da sua jovialidade. Mais uma vez inspirado no universo mangá, daqui resulta um bom entretenimento, ficção-ciêntifica cruzada com o sobrenatural, com um ritmo frenético e sequências de acção que não devem nada aos blockbusters de Hollywood.

Classificação: 3.5/5

QUINTA, 22 DE FEVEREIRO

17:15 – “A Comédia Divina”

Toni Venturi – 97’ – Bras – Fantasy comedy – CF – v.o.port/leg ingl. – INTERNATIONAL PREMIERE
Do Brasil, com toda a graça tropical possível e com orçamento de super-produção (da Globo), uma história entre Deus (uma mulher negra e divertida, interpretada pela fabulosa Zézé Mota) e um Diabo desesperadamente à procura de clientes.

Apreciação:

Classificação: /5

19:15 – “Budapest Noir”

Éva Gárdos – 95’- Hung – Drama – v.o.leg ingl/leg port – ANTESTREIA EUROPEIA
Um crime de homicídio misterioso passado em 1936, em Budapeste, numa altura em que a Hungria se preparava para alinhar ao lado de Hitler e das potências do Eixo. Uma jovem prostituta muito bela é encontrada morta à pancada. Mas ninguém quer investigar o crime. As difíceis relações entre a Imprensa e o poder, numa magnífica reconstituição de um período histórico decisivo para a História da Humanidade.

Apreciação: Como o nome indica, este é um film noir passado na Hungria, tem todos o ingredientes do género, numa execução primorosa que consegue a proeza desses mesmos elementos não parecerem datados. O filme está carregado de pormenor, diálogos cheios de conteúdos e duplo sentido, com femme fatale que são muito mais do que parecem e um jornalista empenhado em resolver um crime. A fotografia é fabulosa, mantendo a estética do género, mas não abdicando da contemporaniedade, da cor vibrante que não lhe ofusca o tom noir.

Classificação: 4/5

21:15 – “Crone Wood”

Mark Sheridan – 85’ Irlanda – Horror – v.o.leg ingl/leg port – ANTESTREIA EUROPEIA
Um jovem casal que acaba de conhecer-se decide ir acampar após um primeiro encontro fantástico. É uma decisão de que rapidamente irão arrepender-se… Mais um exemplo da pujante cinematografia irlandesa no campo do horror e da imaginação.

Apreciação: Não é fácil encontrar um filme assim, daqueles que rebobinamos na nossa cabeça depois de o ver, tentando encontrar algo de positivo que possamos dizer sobre ele e… não encontramos. É chato, parvo, inconsequente, completamente vazio de conteúdo e interesse. Não há um único elemento que possamos dizer que está bem conseguido. A direcção de fotografia é má, o guião é uma soma de clichés de outros filmes, mal-cosidos, tentando surpreender e a cair no ridículo, banda sonora praticamente inexistente, etc. Durante algum tempo ainda pensei poder enaltecer a actriz principal, que até é gira e muito expressiva, uma mistura de Daisy Ridley e Keira Knightly, mas na parte final, quando o filme mais precisava dela, apaga-se completamente. É uma tremenda perda de tempo. Quando o filme acabou, 3 pessoas em zonas diferentes da sala esboçaram um aplauso, mas imediatamente as restantes riram-se delas. Há uma mão cheia de anos que não dava um zero no Fantas…

Classificação: 0/5

SEXTA, 23 DE FEVEREIRO

15:00 – “Replace”

Norbert Keil – 101’ –Can/Alem- CF- Horror- v.o.leg ingl/leg port – ANTESTREIA
A pele de Kira começa a envelhecer rapidamente, secando, desfazendo-se e caindo. Mas ela descobre que pode substituir a sua própria pela pele de outras… Primeira longa-metragem do realizador. Foi considerado melhor filme europeu no Festival de Bruxelas, tendo aí recebido o Mèliès de Prata.

Apreciação: Filme com uma estória interessante que se vai desenrolando de forma intrigante, colocando questões que serão desvendadas com um eficaz twist final. Pelo caminho vamos sendo guiados por cenas belíssimas, mais ou menos sangrentas, com um ritmo cadenciado e envolvente e uma banda sonora intensa e eficaz (e que durante boa parte do filme me pareceu estar a plagiar o tema de “John Carpenter’s The Thing“, o meu filme de terror preferido). Até agora, é o melhor filme do festival.

Classificação: 4/5

17:00 – “The Butcher, The Whore and the One-Eyed Man”

János Szasz – 102’ – Hungria — SR – Drama – v.o.leg ingl/leg port – ANTESTREIA
Mais um brilhante exemplo do cinema húngaro. O lento declínio dos homens, mergulhando num mundo de pecado e mal-dizer em que um triângulo amoroso vai mostrar aspectos inesperados e truculentos. Do realizador de “Opium: Diary of a Mad Woman”, Prémio de Realização no Fantasporto em 2008, e “Woyseck”, vencedor do Prémio Europeu de Jovem Filme do Ano. Selecção dos festivais de Ghent e Haifa.

Apreciação: Filme passado na Hungria em 1925, sobre um triângulo amoroso entre as personagens do título. A narrativa é interessante e está bem contada, mas parece-nos já a ter ouvido dezenas de vezes. Com um preto e branco interessante e uma boa banda sonora, tem boas interpretações e uma realização segura.

Classificação: 3.5/5

20:30 – SESSÃO DE ABERTURA OFICIAL DAS SECÇÕES COMPETITIVAS – “Anna Karenina: Vronsky’s Story”

Karen Shakhnazarov – 132’- Russia – Drama – SR – v.o.leg ingl/leg port – ANTESTREIA
O filho de Anna Karenina quer saber porque Vronski arruinou a vida da mãe. Uma mega-produção da Mosfilm abre as competições. Para além do romance clássico de Tolstoi, o filme mostra numa surpreendente criação de Karen Shakhnazarov, o outro lado da conhecida história de Anna Karenina, a mulher casada que se envolve com um oficial do exército. Sumptuosa recriação da aristocracia russa no séc XIX. Selecção Festival Shanghai e Festival de Zurique.

Apreciação: O novo filme de Karen Shakhnazarov, a enésima versão do clássico de Tolstoi, vale por algumas sequências de tirar o folêgo, com uma belíssima fotografia e alguns planos estudados ao pormenor. O problema do filme é que parte de uma ideia interessante, contar o ponto de vista do amante, mas que se esquece frequentemente dela. Muitas sequências contada por ele não o envolvem, o que torna inverosimil que seja ele a narrá-las ao filho de Anna. Isso faz com que  filme caia na repetição, em vez de nos trazer o tal olhar novo que ambicionava. Destaque para as interpretações, especialmente para o marido traído, reconstituição de época e algumas sequencias brilhantemente filmadas.

Classificação: 3.5/5

23:45 – “The Unwilling”

Jonathan Heap – 81’- EUA. Horror – P&P – v.o.ingl/leg port – ANTESTREIA
Após a morte de um muito odiado patriarca, uma caixa misteriosa aparece durante a leitura do testamento, forçando cada membro da família a reconhecer os respectivos pecados mortais. Relutantemente, a família vai sofrer os efeitos da caixa. Um dos mais surpreendentes exemplos do cinema de horror.

Apreciação: Um filme carregado de clichés, escrito com os pés e com um elenco tão mau, que nem Lance Henriksen se safa.

Classificação: 1/5

A que sessões estão a pensar ir? Quais os filmes que vos despertam mais curiosidade? Digam-nos nos comentários, e voltem para ver se concordam com a nossa apreciação…

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