Mais 2 dias de Fantasporto 2013, ainda em modo pré-Fantas, com o saldo final a resultar num empate a dois entre filmes bons e maus.
“Moonpie” foi o primeiro filme de quarta-feira à noite e revelou-se uma agradável surpresa. Premiada em Sundance, esta comédia romântica de Drake Doremus, teve a capacidade de divertir e entusiasmar uma plateia mais acostumada a fitas bem mais violêntas. Estória simples de um reitor de um liceu casado com uma mulher insuportável que se apaixona por uma professora bipolar. O filme está repleto de situações divertidas e cativa com o seu humor inteligente, bem apoiado em interpretações seguras, indispensáveis para que o seu nonsense não soe a falso.
A segunda aposta da noite foi bem mais fraca. “Humanity’s End“, de Neil Johnson, é uma tentativa falhada de fazer um bom filme de ficção-ciêntífica com um baixissimo orçamento. Mas o pior é que nem é nos efeitos especiais que o filme falha, sendo que, apesar de se notar o baixo orçamento, o resultado é bem satisfatório. O problema está em tudo o resto: uma realização pretensiosa e sem objectividade, incapaz de filmar um plano sem fazer zoom in ou zoom out, actores sem o mínimo de capacidade de disfarçar as suas incapacidades representativas e um argumento tão mau que nem sou capaz de vos fazer um resumo da estória.
Quinta-feira começou outra vez bem, com um filme sueco de vampiros, já vencedor de um Fantasporto. “Frostbitten“, de Anders Banke é o típico filme para o público peculiar do festival, entregando elevadas doses de sangue e humor, fundados numa boa estória e com uma realização muito segura e eficaz. Mãe e filha mudam-se para uma cidade no norte da Suécia, onde o sol não aparece durante um mês, e cedo descobrem que a cidade está prestes a libertar algo que estava escondido há muito tempo, e assim deveria ficar. Bastante diferente de “Let The Right One In“, outro filme de vampiros sueco, “Frostbitten” aponta a um público sedento por gore e humor eficaz. O único filme deste pré-Fantas que satisfez por completo o seu público.
Por último, mais um fime perfeitamente dispensável. “Iron Doors” não pretende ser mais do que um “Cube” em versão rasca e acéfala. Um homem acorda numa sala em betão com uma porta de cofre em ferro, não sabendo como lá foi parar, nem quem o põs lá ou porquê. O primeiro acto até nem é mau, conseguindo arrastar o público para este mistério, mas cedo se percebe que não só lhe faltam ideias (o mistério nem fica resolvido), como tudo se desenrola de forma patética e muito pouco credível, faltando ao realizador Stephen Manuel capacidades de imprimir bom ritmo ao filme, e de ter ideias que o salvem do desastre. As interpretações contribuem também (e acentuam) esse desastre.
Hoje começa o festival a sério, com dois filmes muito especiais na sessão de abertura: o muito aguardado “Mama” e a cópia restaurada de “The Red Shoes“. Vemo-nos lá…