Fantasporto 2013 – Os dois primeiros dias.

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Ainda em modo pré-Fantas, o Fantasporto 2013 conta já com dois dias, tendo exibido mais de uma mão cheia de longas metragens. O primeiro dia foi aquele teve mais público, talvez pela aliciante de ver um filme com a banda-sonora a ser interpretada ao vivo. Sabemos que os tempos são de crise, e por enquanto o Fantas está em retospectiva, apresentando filmes de edições anteriores, mas gostaria de ver mais público a aproveitar esta oportunidade de ver filmes que dificilmente verá em mais algum lado. É o caso de todos os filmes exibidos até agora.

La Planète Sauvage“, de que já vos falei aqui,  foi o filme da pré-abertura e proporcionou-nos um momento de rara beleza e intensidade. O filme de René Laloux é um dos expoentes máximos da ficção-ciêntifica dos anos 70, uma belíssima metáfora invertida sobre a humanidade, todos os seus defeitos e virtudes, num planeta longinquo em que qualquer semelhança com a nossa realidade é muito mais que pura coincidência. A banda sonora composta pelos Beautify Junkyards foi extremamente eficaz, com momentos de rara beleza, intensificados pela experiência do concerto. Mais do que música de fundo, os sons da banda deixaram transparecer a emoção da obra, dando quase a sensação de estarem as duas a ser criadas em simultâneo. Mesmo as pequenas falhas de sincronia reforçaram a magia de estar a ver criação artística a dois tempos, distanciados por 40 anos. Excelente.

The Disappeared“, de Johnny Kervorkian, foi o primeiro filme do 2º dia. Pequeno drama familiar com contornos de policial paranormal, tinha a particularidade de ter Tom Felton num papel secundário. O filma conta-nos um drama familiar centrado num jovem que, após o desaparecimento do irmão mais novo e posterior internamento, começa a ouvir vozes e a ter contactos com pessoas já desaparecidas, numa sucessão de pistas que o levarão a descobrir o mistério por detrás do seu desaparecimento. O filme até começa bem, com uma atmosfera densa e envolvente, mas cedo entra numa tentativa de assustar convulsivamente o espectador através de efeitos sonoros e de montagem pouco imaginativos e muito, muito repetitivos. A somar a isto, o último acto é completamente desinspirado, caindo numa sucessão de clichés que boicotaram tudo o que o filme vinha a prometer desde o início. Não é mau, mas o resultado final não é mais do que mediano.

O segundo filme de ontem foi “Salvage“, de  Lawrence Gough, um filme de terror com um pequeno conflito familiar no centro de um ataque de uma criatura mortífera num bairro residencial em estado de sítio. Este é um filme para o público específico do Fantas, ávido de emoções fortes e pouco preocupdo com a verosimilhaça e coerência da estória. Apesar de até começar bem, com o pequeno conflito familiar, cedo se torna num thriller confuso e pouco envolvente, para finalmente se decidir por ser um filme de terror pouco imaginativo e involuntáriamente cómico. O público alvo do Fantas gostou.

Hoje e amanhã, o Festival continuará a fazer retrospectiva de filmes de edições anteriores, antes de entrar a sério na competição a partir de sexta-feira. Podem consultar a programação para estes dois dias aqui.

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