Um dos grandes filmes, e certamente o maior gerador de polémica dos últimos anos, continua a dar que falar, desta vez por boas razões. Falei dele aqui aquando da sua exibição no Fantasporto 2011, onde ganhou o prémio especial do Júri. Voltei a falar dele aqui, quando estourou ‘o caso espanhol’, aquele que agora teve o seu desfecho. Em traços largos, a exibição do filme no Festival de Sitges valeu ao seu director, Ángel Sala, uma acusação, por delito reconhecido no artigo 189.7 do Código Penal, que castiga com penas de três meses a um ano de prisão ou multa a quem “produzir, vender, distribuir, exibir ou facilitar por qualquer meio, material pornográfico em que terão sido utilizados directamente menores ou incapacitados”. Tudo porque uma associação de defesa de menores apresentou uma queixa contra o festival, por ter exibido o filme.
Ora, como comentei na altura, todo o caso era completamente descabido, e um atentado à liberdade de expressão. Agora, segundo a revista Fotogramas (num artigo que poderão ler aqui), o caso foi finalmente arquivado. No auto, a juíza do tribunal de Vilanova i la Geltrú, Marga Fe Subirats, considera que o filme “não é um filme pornográfico, tanto que as imagens, em vez de terem uma finalidade de provocação sexual, tendem ao contrário”, dizendo ainda que “se trata mais de um filme de género gore”. Ora, é refrescante ver uma juíza com tão bons conhecimentos de cinema, afirmando mesmo o que eu já tinha dito no meu artigo sobre o caso. Só não concordo com a senhora quando ela firma que o filme foi alvo de vários prémios “de duvidoso merecimento“. Em muitos casos, e penso que o Fantasporto é um deles, a premiação do filme foi uma questão de afirmação (sobretudo politica) por parte dos festivais. Mais do que defender o filme, defendia-se a liberdade de expressão. Foi isso que fiz aqui no laxanteCULTURAL e foi o que fez agora a juíza Subirats em Espanha. Parabéns ao Ángel Sala, pelo fim do pesadelo.