Fantasporto 2010 – “Thirst”.

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Para terminar a noite de sábado, um dos filmes mais esperados desta edição do Fantas: “Thirst” de Chan-wook Park, realizador do genial “Oldboy“, que conquistara já o prémio do júri no último festival de Cannes. Filme de vampiros a disfarçar uma estória de amor trágica e poética, entre um padre e uma mulher casada e virgem unidos pela sede de sangue.

Mas, se “Oldboy” é um filme que roça a perfeição, “Thirst” falha em manter a tensão até ao fim. Sang-hyun (excelente Kang-ho Song, o mesmo de “The Host“) é um padre que, altruísta, se submete a experiências médicas em busca da cura para um vírus mortal, que quase o mata. O sangue que lhe salva a vida era de vampiro e o homem de fé vai desenvolver um apetite voraz pelos prazeres da carne. Quando conhece Tae-ju (fantástica Ok-bin Kim), que vive um casamento não consumado com um amigo de infância de Kang-ho, vai nascer um fascínio sangrento entre os dois quando, juntos, se tentam libertar dos seus fardos.

“Thirst” tem uma tensão plástica que envolve o espectador desde o primeiro minuto e se mantêm durante todo o filme. Como realizador, Chan-wook Park sabe dar ao material o tom certo para que sobressaiam as suas motivações e a emoção que o move nas estórias. Aqui, o problema é mesmo esse, a estória. Se a premissa tem todos os elementos que propiciam um excelente filme, o seu desenvolvimento abre buracos narrativos cujo preenchimento dispersa a atenção do espectador, além de o aborrecer durante boa parte do filme. Falo do triângulo amoroso e do seu desenlace. Tudo o que envolve o marido de Tae-ju parece deslocado do resto da estória e não é, de longe, tão interessante como a linha narrativa principal, a que demora uma eternidade a voltar. Já a personagem da sogra, e o facto de saber o terrível segredo, propicia a que se retorne ao conflito base e à sua resolução, que é das coisas mais bonitas e poéticas que o Cinema nos deu nos últimos tempos.

“Thirst” é, portanto, um filme irregular, que poderia ser mais curto e melhor se se cingisse ao que é essencial. Mesmo assim, há ali momentos geniais, de uma beleza e podridão avassaladoras. A fotografia é magnifica e produz imagens que nos ficam nos sentidos. Os efeitos especiais e a caracterização são modestos mas perfeitamente adequados às intenções não exibicionistas do realizador.

Concluindo, ainda não foi desta que  Chan-wook Park repetiu o brilhantismo de “Oldboy”, mas este “Thirst” não deixa de ser um dos melhores filmes que veremos este ano. Leva a mesma classificação de “The Horde“, apesar de não ser tão bem conseguido, mas cujos objectivos eram bem mais altos.

Classificação: 4/5

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