R.I.P. Raúl Solnado. Até Sempre…

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Faleceu esta manhã no Hospital de Santa Maria em Lisboa, de doença cardio-vascular grave, um dos maiores actores e humoristas Portugueses de sempre. Raul Augusto Almeida Solnado deixa-nos aos 79 anos de uma vida preenchida em variados registos, sendo o cómico aquele que o tornou mais popular. Primeiro stand-up comedian Português deixa-nos um grande número de sketches conhecidos de cor e salteado pela grande maioria dos Portugueses. Foi assim aliás, que primeiro tomei conhecimento da figura e do seu talento. O meu avô tinha lá por casa o disco cuja capa aqui reproduzo e, desde muito pequeno, sempre que lá estava, ouvia até à exaustão. Sabia de cor “O Concerto De Violino” ou “A Guerra de 1908“, além de “O Malmequer” ou “O Fado Maravilhas“. O meu sentido de humor apurado e o gosto pela difícil arte de fazer rir, devo-o ao Raúl (trato-o assim, porque o conheço desde sempre).

Depois veio a imagem do homem, através de programas como a Cornélia, o Zip-Zip (a reposição aos domingos à tarde na RTP-Açores), as sitcomLá em casa tudo bem” e “Sétimo direito” ou a novela “Banqueira do Povo“. Nesta altura já conhecia (e bem) a figura do actor. “Balada da Praia dos Cães“, adaptação do romance de José Cardoso Pires por José Fonseca e Costa, deu-me a conhecer um enorme actor dramático e a versatilidade do actor completo, em vez do redutor “maior humorista Português”.

Fez imenso teatro, dramático, mas sobretudo cómico como o estrondoso sucesso “Há Petróleo No Beato“, por exemplo. Muito conhecido e admirado no Brasil (onde esteve alguns anos), foi um dos mais generosos artistas do nosso país. A Casa do Artista, co-criada com Armando Cortez, é um enorme legado a todos quantos estão ligados às Artes neste país pouco generoso e reconhecedor do valor artístico.

A sua última aparição foi em “Call Girl” de António Pedro Vasconcelos, onde compôs um breve mas fascinante personagem. Por estrear, está uma série documental da RTP em 4 episódios sobre o humor em Portugal, que apresentou com Bruno Nogueira, e que se intitula “As Divinas Comédias“.

Será recordado com saudades, gargalhadas e admiração. A arte da representação em Portugal está hoje muito mais pobre e o país perdeu um grande cidadão. Deixo-vos um dos seus sketches mais hilariantes, “A Chamada Para Washington“.

Obrigado por tudo Raúl, até sempre.

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