Crítica – “The Taking Of Pelham One Two Three” (1974)

| Lido 2.855 vezes

aqui falámos do remake, chega agora o momento de falar do original. Realizado em 1974 por Joseph Sargent, actor da broadway nos anos 50, que passou pela televisão e realizou alguns episódios de séries como Lassie, Bonanza, O Fugitivo e Star Trek, antes de se dedicar ao cinema. Além de Pelham, o único título cinematográfico digno de registo (mas pela negativa) é Tubarão IV – A Vingança, o pior filme da carreira de Michael Caine. Mas continuemos em Pelham…

Quatro homens, Mr. Blue, Mr. Green, Mr. Grey e Mr. Brown (soam-lhe familiar?), sequestram um comboio metropolitano em Nova Iorque, e exigem um resgate de 1 milhão de dólares pelos 18 reféns no espaço de 1 hora, ou começam a matar um refém por minuto após esse prazo. O tenente Garber, da polícia de trânsito, vai negociar o resgate com os terroristas, ao mesmo tempo que são efectuados esforços para antecipar o seu plano de fuga e detê-los.

Sargent contou com um elenco sólido, liderado por Walter Matthau (Garber) e Robert Shaw (Blue), e com Martin Balsam (Green), Hector Elizondo (Grey) e Jerry Stiller (tenente Patrone), entre outros. Matthau, provavelmente por ser mais reconhecido em comédias (principalmente em parceria com Jack Lemmon), é quem mais surpreende. O seu tenente é um protagonista divertido sem ser cómico, que aguenta a pressão quando os outros se deixam levar por ela, e demonstra inteligência na antecipação e captura dos seus adversários. O único momento em que reconhecemos os seus famosos traços cómicos é, propositamente, no útimo plano do filme. Shaw, por seu lado, dá-nos um personagem frio, inteligente e duro, um vilão com propósito e objectivos definidos, não o deixando ser rotulado como louco, pondo-o no mesmo patamar dos espectadores. O restante elenco funciona na perfeição e o seu relacionamento com os protagonistas torna os diálogos e as tiradas típicas desde tipo de filme realistas e expontâneas.

O cartaz acima é muito representativo do cinema dos anos 70 e, inevitavelmente, o filme também. A direcção artística de Gene Rudolf e a decoração de Herbert F. Mulligan são realistas e sem artifícios que causem distracção ao espectador. Não há embelezamento do centro de controlo do metropolitano, da divisão de tráfego, da carruagem ou do túnel onde o comboio fica parado, entre estações. Não há escritórios com grandes janelas com vista para o céu, envidraçados reluzentes e portas automáticas. Há a claustrofobia de um túnel, de um escritório onde trabalham muitas pessoas, e de um apartamento minúsculo e desarrumado onde realmente parece que vive alguém. Tem um aspecto datado sim, mas não foram os apartamentos que cresceram, as paredes que deram lugar a vidros ou os túneis que ficaram melhor iluminados; A fantasia e o deslumbramento dos grandes blockbusters de hollywood é que ainda não tinham aparecido, e o cinema estava então mais próximo da realidade em que vivíamos.

Joseph Sargent, sobriamente, conseguiu unir todos estes elementos à volta de um bom guião e imprimir-lhe um ritmo constante, não muito acelarado (como tudo acontece agora), pondo o espectador dentro da narrativa, relacionando-se facilmente com ela.

A comparação com o remake certamente datará ainda mais este filme, mas datar é contextuar e, contextuado, “The Taking Of Pelham One Two Three” é e será sempre um bom filme.

Classificação: 4/5

Deixe um comentário