Sugestões para o Halloween 2019.

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Mais uma vez, trago-vos algumas sugestões de filmes para o Halloween, depois de ter falhado o ano passado. À semelhança de 2017, todas as sugestões estão na Netflix Portugal,  e, desta vez,  vou adicionar os links directos para vos poupar trabalho. No final terei uma recomendação extra, mas, para já, vamos começar com um clássico…

“John Carpenter’s the Thing”

John Carpenter's The Thing

Este é, para mim, o melhor filme de terror de sempre, e um dos filmes que mais marcou o final da minha infância. Já o vi muitas vezes, e é sempre um prazer voltar a ele, reavivar memórias e, frequentemente, descobrir novos pormenores fascinantes. É pouco provável que ainda haja algum fã de terror que não o tenha visto, mas poucos são os que rejeitam uma revisita. Para os mais novos, este é um filme extraordinário, pré-computadores e efeitos digitais, o que significa uma experiência muito mais real e impressionante. Esse é aliás o maior trunfo do filme, os efeitos práticos ultra-realistas da autoria de Rob Bottin (com uma ajudinha no primeiro efeito do grande Stan Winston). Tudo o que está no ecrá aconteceu, foi filmado, as reacções dos actores são genuínas, nada foi adicionado em pós-produção por computador. E o que acontece no ecrá é impressionante, mas, sobretudo, serve a estória. E a estória é simples: uma equipa de investigadores numa pequena estação do Alasca vê-se a braços com um extraterrestre que assume a forma das suas presas. E é só isto. Um grupo de homens num sítio inóspito a ter de sobreviver, sem poder confiar em nenhum dos seus companheiros. O clima de tensão é primoroso e excelentemente executado. O ritmo imposto por John Carpenter à narrativa é pontuado por uma banda sonora magnífica de Ennio Morricone (que inacreditávelmente foi nomeada para um Razzie, para pior banda sonora do ano). O elenco encabeçado por Kurt Russel é perfeito e a química existente entre os actores são outro dos pontos fortes do filme.

Estreado em 1982, entre “E.T.” e “Blade Runner“, o filme foi um fracasso financeiro, mas o tempo fez-lhe justiça e hoje é um dos maiores filmes de culto do género. Além do filme, sugiro também o documentário “Terror Takes Shape“, feito nos anos 90 (já não sei se para uma edição em laser-disc ou já em DVD), com entrevistas hilariantes ao elenco e equipa do filme. Está disponível no youtube, aqui.

Classificação: 5/5

Link da Netflix.

“In The Tall Grass”

In The Tall Grass - Poster

In The Tall Grass” era uma das estreias da Netflix que mais interesse me despertou, por ser baseado num conto de Stephen King (a meias com o filho Joe Hill), por ser realizado por Vincenzo Natali (o mesmo de “Cube” e “Splice“) e por ter um trailer intrigante e apelativo. E o filme até começa bem, mas algures durante o segundo acto descamba, e nós perdemos completamente o interesse pela estória e mesmo pelas personagens. No entanto, tem alguns motivos de interesse, e é por isso que está nesta lista de sugestões. Tem Patrick Wilson numa interpretação sólida (mas que acaba por desiquilibrar irremediávelmente o filme). Tem uma fotografia muito bem conseguida, a entregar alguns dos mais bonitos e aterradores planos este ano. Tem um clima de tensão bem conseguido, com Natali a conseguir replicar a claustrofobia de “Cube”, com um bom desenho de som a sublinhá-la. Mas faltam algumas coisas fundamentais, como um final verosímil e interessante, e explicações mais concretas a algumas opções narrativas. No entanto, inverosimilhanças à parte, esta estória de dois irmãos que, ao parar junto a um campo com relva alta, ouvem um pedido de socorro e resolvem entrar relva adentro, proporciona uma metade de bom suspense, alguns bons sustos e imagens de suster a respirações. Para quem só procura entretenimento para a noite de Halloween, é mais do que suficiente.

Classificação: 2.5/5

Link da Netflix.

“Annihilation”

Annihilation - Poster

Annihilation” é o segundo filme de Alex Garland, depois do surpreendente “Ex-Machina” e, só por isso deve constar de todas as listas de filmes a visitar. E digo visitar, porque “Annihilation” é um lugar estranho, no melhor sentido possível. Natalie Portman (de quem não sou grande fã, mas que aqui se excede e é uma escolha acertadíssima) é uma bióloga que vai numa expedição a uma zona envolta num estranho brilho, e onde tudo o que entra não sai (a não ser o marido, líder da expedição anterior). A Garland, mais do que dar respostas interessa fazer perguntas, aqui num contexto ecológico e ambiental. E sim, o filme enquadra-se no género de terror. Há por aqui monstros e momentos de suspense e horror, mas há muito mais do que isso. Há contemplação, admiração , estranheza e até deslumbramento. Garland sempre arriscou enquanto argumentista (os melhores filmes de Danny Boyle são de sua autoria), mas enquanto autor arrisca muito mais. Os seus filmes são ensaios literários, sem deixar de ser do melhor cinema actual. “Annihilation” conta com um excelente elenco, primorosa fotografia e banda sonora, e uma realização irrepreensível. Não é divertimento inconsequente, próprio de uma época festiva como o Halloween, mas é uma sugestão acertada para quem gosta do seu terror com um pouco mais de substância.

Classificação: 4.5/5

Link da Netflix.

“Aterrados”

Aterrados - Poster

Sou um fã de cinema argentino, mas é a primeira vez (que me lembre) de ver um filme de terror puro e duro vindo de lá. Talvez por isso, “Aterrados” tem causado boa impressão por onde tem passado, a ponto de Guillermo Del Toro ter demonstrado interesse em produzir um remake americano. Não é que seja um filme isento de falhas, têm-nas, mas tem também algo de invulgar, inerente das suas origens. A estória é simples: a policia e alguns investigadores de fenómenos paranormais investigam uma série de acontecimentos inexplicáveis num bairro nos arredores de Buenos Aires. O ritmo narrativo é pausado, não demasiado lento, mas o suficiente para deixar o suspense instalar-se e absorvermos todas as nuances que o filme provoca. A primeira metade é muito boa, sendo que a primeira morte do filme é dos momentos mais surpreendentes e eficazes que vi este ano. O problema é que a estória não tem muito para onde ir e a partir de determinado altura o filme é apenas uma sucessão de clichés e sustos previsivéis, apesar de manter o seu maior interesse, a sua estirpe cinematográfica.

Classificação: 2.5/5

Link da Netflix.

“Les Affamés”

Les Affamés - Poster

Da Argentina passamos para o Canadá, e para o filme que ganhou o grande prémio do Fantasporto 2018. Sobre ele, escrevi na altura: “Finalmente um filme de terror puro e duro. E tinha de ser de zombies, género cujas regras especificas (mas não rigidas) dão sempre excelentes resultados no Fantas (ainda me lembro de “La Horde”). O filme acompanha vários grupos de sobreviventes, num apocalipse zombie, que se vão juntando até se tornarem um. E é só isto, não precisa de grande estória, que abrandaria o ritmo da acção. É bem realizado, tem uma fotografia e montagem cuidados e até um daqueles momentos que faz o Rivoli explodir de euforia. Sem dúvida, o grande candidato ao grande prémio (até agora).” O jurí deu-me razão e o filme acabaria mesmo por ser merecidamente o vencedor. É divertido, assustador, tenso e uma boa companhia para qualquer Halloween.

Classificação: 4.5/5

Link da Netflix.

“Eli”

Eli - Poster

É o filme mais recente desta lista (estreou na última sexta-feira). Um rapaz com uma doença auto-imune dá entrada com os pais numa clínica para tratamento, mas descobre que o edificio não é tão seguro como pensava. Ao contrário dos filmes menos bons desta lista, o problema de “Eli” não está no seu final, mas algures entre o segundo e terceiro actos. O filme perde fulgor e interesse, à medida que vai entrando nalguns clichés do género. Curiosamente, é mesmo o fim que o salva, que apesar de não ser nada de original ou extraordinário, é eficaz e satisfatório, acabando mesmo por ser uma agradável surpresa. O elenco está repleto de caras conhecidas, com destaque para Sadie Sink (a Max de “Stranger Things“). A realização é competente, mas o que dá alguma credibilidade ao filme é a excelente direcção artística. Apesar de ser um filme com problemas, acaba por ser competente nos seus propósitos, e o que seria do Halloween sem uma casa assombrada?

Classificação: 3/5

Link da Netflix.

“The Haunting Of Hill House”

The Haunting Of Hill House - Banner

Como bónus, e porque nunca fiz um especial de Halloween em que não falasse de Mike Flanagan, sugiro uma das minhas séries preferidas de sempre, “The Haunting Of Hill House“. Não me vou alongar muito, porque já o fiz aqui, mas quando escrevi este texto ainda não estava confirmada uma 2ª temporada, nem havia mais detalhes sobre a mesma, agora já há. A série passou a chamar-se apenas “The Haunting“, sendo que a primeira temporada continua a ser “The Haunting Of Hill House”, e a segunda chamar-se-á “The Haunting Of Bly Manor“, sendo baseada em “The Turn of the Screw” de Henry James. Cinco actores de Hill House estão já confirmados em Bly Manor: Victoria Pedretti (era a Nell adulta em Hill House), Oliver Jackson-Cohen (Luke adulto), Kate Siegel (Theo adulta), Henry Thomas (Hugh novo) e Catherine Parker (Poppy). É provável que haja mais alguns retornos, entre caras novas, mas não foram anunciados ainda. A data de estreia também não, apenas se sabe que será em 2020.

Classificação: 5/5

Link da Netflix.

“Doctor Sleep”

Doctor Sleep - Poster

Ainda mais um bónus, esta quinta-feira, dia 31 (mesmo a tempo do Halloween), estreia nos cinemas “Doctor Sleep“, a continuação de “The Shinning” de Stephen King, também realizado por Mike Flanagan. Como é óbvio, não há classificação nem link, mas fiquem com o trailer…

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