Fantasporto 2012, Dia 2 – “Meat”.

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Ao 2º dia de festival, mais uma incursão pelo universo excêntrico de Ed Wood e por mais um filme que estará em competição oficial. O primeiro foi “Glen Or Glenda“, de 1953, uma tentativa séria de Wood em falar de um tema que emergia então na sociedade: O travestismo e a mudança de sexo. Apesar de ser um tema muito pessoal para o realizador, a ponto de interpretar ele próprio o papel duplo do título, a incompetência assume aqui níveis absurdos. Mais uma vez, podem ver a apreciação certeira que o Nuno Reis fez no Antestreia. O segundo filme da noite foi “Meat“.

Filme Holandês realizado por Victor Nieuwenhuijs e Maartje Seyferth, é uma tentativa falhada de fazer um thriller psicossexual sobre um grupo de personagens que se cruzam diariamente num talho e um detective que irá desvendar obsessivamente a morte de um deles.

“Meat” falha a todos os níveis, a começar pelo pretensiosismo artístico da realização, que cria um obstáculo na aproximação dos espectadores com a narrativa e os personagens. O filme resulta tão frio quanto o frigorífico onde é armazenada a carne.

As perversões sexuais dos personagens são retratados de forma anedótica, culpa também do argumento que as resume a um desfilar de obscenidades, a que as cenas de sexo propriamente dito não acrescenta intensidade. Não me lembro mesmo de ter visto um filme onde a sexualidade fosse um dos temas centrais, resultar em algo de tão desinteressante.

Os actores também não ajudam a dar credibilidade a tudo isto. Falta-lhes profundidade, carisma e sobretudo intimidade com a câmara, para chegarem ao espectador, resultando em personagens bidimensionais no pior sentido da expressão. Como tudo o resto, a fotografia é quase sempre pretensiosa e muitas vezes errada, não se percebendo sequer a intencionalidade narrativa da maioria dos planos.

Resumindo, “Meat” é uma tremenda perda de tempo, um filme chato e pretensioso cuja tentativa de chocar não resulta em nada mais do que indiferença no espectador. No final do dia, preferi a incompetência de Ed Wood ao pretensiosismo vazio desta dupla holandesa.

Classificação: 0.5/5 (só para não dar um zero redondo)

Para hoje, 3º dia do pré-Fantas, a minha escolha recai sobre dois filmes da competição oficial, “The Theatre Bizarre” e “Eva“, O vencedor do Goya para melhores efeitos especiais.

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