“Actividade Paranormal 2″- A Prequela / Sequela Inevitável.

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Actividade Paranormal” foi, para mim, um dos filmes mais interessantes do ano passado, como podem constatar aqui pela minha crítica. A sequela seria inevitável, mas também pouco recomendável, visto que seria praticamente impossível manter o clima de tensão, suspense e imprevisibilidade do primeiro filme. E, depois de a ver, constatei que estava certo nos meus receios, apesar de não estar à espera de ser agradavelmente surpreendido naquilo que de menos forte tinha o primeiro filme: a estória.

A acção deste segundo filme é passada em casa da irmã de Katie, Kristi que vive com o marido Daniel, a filha adolescente deste, Ali, e um filho comum com poucos meses, Hunter Ray. Quando voltam a casa e a encontram vandalizada, sem sinais de entrada forçada e sem faltar nada, instalam câmaras de vigilância em alguns compartimentos e junto à piscina, na tentativa de se sentirem protegidos e de identificarem os assaltantes, caso reincidam. Mas o que as câmaras acabam por captar é algo bem mais perturbador.

O mais interessante aqui é a estória, pois “Actividade Paranormal 2” acaba por ser simultaneamente uma prequela e uma sequela, uma vez que os acontecimentos do primeiro filme encaixam a cerca de três quartos da acção deste. Em termos dramáticos, esse facto é muito bem aproveitado, levantando questões morais que dão ao filme um interesse extra (ou talvez único). Além de reencontrarmos Katie e Micah, são respondidas questões que tinham ficado em aberto no primeiro filme, como a foto que tinha misteriosamente aparecido queimada no sótão.

Mas este “Actividade Paranormal 2” tem um grande problema: a falta de coragem para se distanciar formalmente do primeiro. Ou seja, optou-se por manter o formato de visionamento de filmagens encontradas após uma tragédia, quando na realidade, e dada a forma como as imagens foram captadas, por sete câmaras diferentes, ser impossível as visualizarmos de forma editada e cronológica. Apesar de isso ser uma questão menor, teria preferido um olhar exterior, encenado, dos factos que levaram aos acontecimentos do primeiro filme. Não agradaria a todos os fãs do original, mas resultaria num filme, e simultaneamente num díptico, muito mais sólido do ponto de vista cinematográfico e artístico.

Oren Peli, o cérebro por trás do primeiro filme, limita-se aqui a produzir, tendo o estúdio optado por um realizador, Tod Williams (“A Porta No Chão”), e argumentistas já com provas dadas na indústria. Seria difícil conseguir o nível de suspense alcançado no primeiro filme (sempre que vemos as imagens nocturnas estamos à espera de ver objectos a mexer ou portas a bater violentamente, o que acaba por acontecer), algo que a sólida estória acaba por compensar. O conjunto dos dois filmes resulta melhor do que qualquer um deles em separado, pois aquilo que aqui nos é revelado acerca dos acontecimentos anteriores, além de não recomendar a sua visualização autónoma, levanta as tais questões morais que, não ficando impunes, podem motivar acesas e saudáveis discussões.

Nas interpretações, optou-se por actores com alguma experiência, apesar de serem quase desconhecidos (a mais identificável é Kristi, interpretada por Sprague Grayden, a filha da Presidente Taylor de “24”). Acaba por ser sobre ela que recaem as atenções do filme, fruto de uma interpretação que deixa muito atrás todos os outros actores.

Resumindo e concluindo, este “Actividade Paranormal 2” não é tão assustador como o primeiro (apesar de ter duas ou três boas sequencias nesse sentido), mas acaba por ser um filme mais sólido, apesar de necessitar do primeiro para ser plenamente aproveitado. A originalidade do enquadramento com o primeiro, contextualizando-o e concluindo narrativamente, acaba por compensar de forma satisfatória o inferior nível de suspense e tensão. Um pouco mais de coragem e este seria um filme a não perder.

Classificação: 3.5/5

2 comentários em ““Actividade Paranormal 2″- A Prequela / Sequela Inevitável.”

  1. Já não achei o primeiro filme nada de especial e muito menos “assustador”, pelo que não tenho intenções de ver esta sequela. Que pelos vistos não é nenhuma sequela mas o aproveitamento habitual de algum êxito nas plateias americanas. Aliás até esse “sucesso” representado no trailer do primeiro filme é no mínimo questionável uma vez que ao longo dos anos já me apercebi quanto exageradamente impressionáveis são os tenagers da terra do Tio Sam, a quem este tipo de filme é preferencialmente dirigido. Lembro-me das histórias contadas à volta de estreias de filmes como por exemplo um “Exorcista” ou um “Tubarão”, ou uma “Laranja Mecânica” durante as quais se sucediam relatos de desmaios ou vomitanços pelas coxias. E depois viam-se os filmes por aqui e os ecos que os acompanhavam pura e simplesmente desapareciam sem deixar rasto.

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