Decorreu ontem a cerimónia de encerramento e entrega de prémios da 35ª edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto. Mais do que falar da cerimónia em si, dos discursos da direcção e dos vencedores, importa fazer um balanço da edição deste ano e registar as pistas do que se pode esperar para as próximas edições. Tendo assistido a todas as sessões no grande auditório do Rivoli, registo com satisfação um aumento de qualidade na selecção deste ano, com um número muito superior de excelentes filmes, em relação à edição do ano passado. Os filmes filipinos, só para dar um exemplo de frescura e descoberta, foram uma muito agradável surpresa. Registo também o muito necessário aumento de qualidade das condições técnicas de exibição dos filmes, transformando algumas visualizações em verdadeiras experiências de imersão nos universos apresentados, e praticamente fazendo desaparecer problemas comuns em edições anteriores. Estes dois aspectos, só por si, fizeram desta uma excelente edição e trouxeram optimismo em relação a futuras edições. E falando de futuras edições, é um alívio também para nós saber que as próximas duas já estão financeiramente garantidas e serão planeadas com mais tranquilidade. Os planos da direção, revelados na conferência de imprensa de apresentação dos vencedores, apontam para uma redução de filmes selecionados nas várias categorias e número de dias de festival, reduzindo também as exigentes horas de exibição diárias (para quem, como eu, assistiu a tudo). A meu ver, seria importante também haver uma melhor clarificação e separação de categorias no calendário de exibição, no sentido de ajudar todos os públicos a encontrar o seu lugar no festival. Com a abertura do festival a cinema que não é de terror, observa-se um curioso facto em relação ao público: quem não gosta de cinema de terror ainda não percebeu que o festival é já também para si, e quem gosta (o público hardcore do Fantas) tem a ideia errada que o festival amoleceu a programação e já não lhes dá as emoções fortes que procuram. Clarificar junto do público essa separação e o lugar que cada um dos públicos tem no festival, só poderá resultar num aumento de número de espectadores e da sua satisfação. O Fantas não pode ser só para público cinéfilo e muito informado, que analisa o programa com o IMDB ao lado. Por último, é importante tocar num ponto negativo realçado por Mário Dorminsky na conferência. Este ano, o Rivoli tinha uma exposição no piso 3, ocupando todo o foyer entre o acesso ao auditório e ao bar, retirando este importante espaço ao festival. Para quem é assíduo no Fantas, foi muito estranho não ter este espaço para relaxar entre sessões e o convívio entre espectadores e cineastas foi muito prejudicado. O festival precisa daquele espaço pois permite-lhe manter o público interessado e presente. Não está aqui em causa a relevância ou interesse daquela exposição, mas dar ao festival todas as condições que ele merece e precisa. Acreditem que a diferença é imensa.
Finalmente, vamos à lista de premiados:
Júri Internacional Cinema Fantástico
Grande prémio melhor filme: “Liza, The Fox Fairy“ de Karoly Meszaros, Hungria
Prémio especial do Júri: “Wolfcop“ de Lowell Dean, Canadá
Melhor realização: Romain Basset por “Horsehead”, França
Melhor actor: Rupert Evans por “The Canal”, Reino Unido
Melhor actriz: Georgia Bradley por “Hungerford”, Reino Unido
Melhor argumento: Jong-Ho Lee por “Mourning Grave”, Coreia do Sul
Melhores Efeitos especiais: “Liza, The Fox Fairy“, Hungria
Melhor curta-metragem: “Habana” de Edouard Salier, França / Cuba
25ª Semana dos Realizadores
Prémio melhor filme: “Memories On Stone” de Shawkat Amin Korki, Alemanha / Iraque
Prémio especial do júri: “El Rayo (Hassan’s Way)” de Ernesto de Nova e Fran Araújo, Espanha
Melhor Realizador: Shim Sung Bo por “Hae Moo”, Coreia do Sul
Melhor argumento: Shawkat Amin Korki e Mehmet Aktas por “Memories On Stone”, Alemanha / Iraque
Melhor actor: Richard Gomez por “The Janitor”, Filipinas
Melhor actriz: Maxine Peake por “Keeping Rosy”, Reino Unido
Secção Oficial Competitiva Orient Express
Melhor filme: “Hae Moo” de Shim Sung Bo, Coreia do Sul
Prémio Especial: “Children’s Show” de Roderick Cabrido, Filipinas
Prémio Cinema Português
Melhor filme português: “Renaissance” de Nuno Noivo e João Fanfas, Portugal
Melhor escola de cinema portuguesa: Universidade Lusófona de Lisboa
Menção especial do Júri (criatividade): “Bestas” de Rui Neto e Joana Nicolau, Portugal
PRÉMIOS NÃO OFICIAIS
Prémio da crítica
“Pseudonym” de Thierry Sebban, França
Menção honrosa: “Memories On Stone” de Shawkat Amin Korki, Alemanha / Iraque
Prémio do público
“Landmine Goes Click” de Levan Bakhia, Georgia
Prémios de Carreira 2015
Fernando Vendrell, produtor e realizador
Catriona MacColl, actriz, Reino Unido
Prémios especiais Fantasporto
Manuela Mendes da Silva, pintora
Vencedores concursos cartaz e spot TV
Ricardo Figueira, jornalista
Nos próximos dias começarei a publicar as críticas às 51 longas-metragens e 19 curtas vistas nesta edição do Fantasporto.